Eletricitários lotam plenário da audiência sobre Forluz e Cemig Saúde



Eletricitários lotam plenário da audiência sobre Forluz e Cemig Saúde

A Comissão do Trabalho, Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas realizou, no último dia 10,  Audiência Pública que debateu a situação atual e as perspectivas futuras para a Forluz e Cemig Saúde. O Sindieletro esteve presente, no público e na composição da mesa de debates com o seu coordenador geral, Jefferson Silva.

O plenário ficou lotado de eletricitários, ativos e aposentados, que não se limitaram a só ouvir. Muitos fizeram questão de participar do debate e relatar suas vidas profissionais na Cemig e a importância da Forluz e Cemig Saúde para eles e suas famílias.

O debate foi convocado pelo presidente da Comissão, deputado Celinho Sintrocel (PC do B). Ele manifestou seu apoio à luta da categoria eletricitária em defesa da Cemig. O deputado também destacou que, se depender dele, a Cemig não será privatizada e o plano de saúde e plano de previdência complementar de seus trabalhadores serão mantidos. “Farei de tudo para convencer meus colegas na Assembleia a impedir a privatização da Cemig”, enfatizou.

Na mesa de debates, além de Jefferson Silva, participaram os presidentes da Forluz e da Cemig Saúde, respectivamente, Gilberto Gomes Lacerda e Anderson Ferreira, a deputada Beatriz Ferreira (PT), e representantes dos participantes eleitos pelos trabalhadores (DRP e conselheiros).

“Não se vende uma história”

O ex-presidente da Cemig, Aloísio Vasconcelos,  também participou e, numa manifestação emocionante de defesa da estatal mineira, destacou que, pela segunda vez, vai lutar contra a privatização. Ele lembrou que foi presidente da Cemig indicado por Itamar Franco justamente nos tempos em que os trabalhadores e o povo mineiro conquistaram a PEC 50, encaminhada à ALMG pelo ex-governador. “O Estado precisa da Cemig, o governo, não. Governos vão embora, o Estado fica, e esse Estado é fundamental para a sociedade”. E questionou: Qual empresa privada tem preocupação com o social? A Cemig é o diferencial para os mineiros e para o país, cumpre muito bem o seu papel social e tem uma história em Minas. Não se vende uma história”.

Alternativa é negociar a Lei Kandir

O coordenador geral do Sindieletro lamentou a ausência no debate do presidente da Cemig, Cledorvino Belini, mas destacou que, por outro lado, os representantes da Cemig Saúde e da Forluz estiveram presentes. "Repudio a ausência do presidente da Cemig, que, mais uma vez se furtou ao debate", enfatizou.

Ele criticou que o presidente da Cemig, junto com o governador Romeu Zema, tem tratado os eletricitários com desrespeito, sem valorizar o trabalho e a dedicação deles à empresa. Jefferson lembrou que Belini recentemente visitou o COS, com o governador, e este se limitou a declarar sua “admiração” pela automação na estatal. Por outro lado, tanto o presidente quanto Zema discursam publicamente que os eletricitários são um problema, porque têm altos salários e privilégios. “Altos salários? Os eletricistas que entraram pelo concurso de 2018, recebem R$ 1.900,00; isso é privilégio? Já Belini ganha R$ 85 mil”, questionou.

Jefferson destacou que a Cemig Saúde e a Forluz são conquistas da categoria eletricitária, após muita mobilização e negociação. Os direitos dos trabalhadores à assistência digna à saúde e a uma aposentadoria complementar à altura do merecimento da categoria são garantidos em Acordo Coletivo de Trabalho. “Nosso ACT não será rasgado”, complementou. Ele também ressaltou que, assim como os eletricitários lutaram contra a privatização da Cemig nos anos 90 e em 2014, com a PEC 68, e impediram a venda da estatal, todos já estão lutando, hoje, em defesa da empresa.

Jefferson defendeu outra alternativa para Minas resolver o déficit fiscal, não pela privatização, mas pela negociação da dívida da União com o Estado contraída ao longo dos anos com a Lei Kandir, de R$ 135 bilhões.  

O coordenador geral do Sindieletro relatou também que, enquanto a audiência acontecia, o governador e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Manoel Vitor, participavam do Assembleia Fiscaliza, defendendo a privatização. “O secretário veio a esta Assembleia para dizer que a tarifa da Cemig de quilowatt-hora é a mais cara para o consumidor, não é verdade. O que mais encarece a tarifa, isso o secretário não disse, é o ICMS, que no conjunto da conta de luz, representa mais de 40% do valor cobrado. A tarifa da Cemig é a nona mais cara de Minas”, revelou.

Jefferson contestou outra afirmação de Manoel Vitor, de que a privatização vai dar fôlego para as receitas do Estado. “Como? A venda da Cemig só garante 17% do valor de venda, dará para pagar uma folha de pagamento dos servidores públicos”.

Deputada expõe mentira: “quem ganha 22 mil na Cemig?”

A deputada Beatriz Cerqueira (PT) questionou os eletricitários presentes se algum trabalhador da Cemig recebe R$ 22 mil por mês e ninguém respondeu. Ela então declarou que o presidente da empresa foi à Assembleia Legislativa e disse aos deputados, com apresentação de planilhas, que a média salarial na Cemig é de  R$ 22 mil. A deputada disse que, “claro que é mentira” e avaliou que o discurso de que o trabalhador da Cemig é o problema, que recebe muito e tem muitos privilégios, faz parte de uma estratégia de desqualificação da empresa para vendê-la. “É uma tática de convencimento pela mentira, de desqualificação do serviço público para justificar a privatização, tudo que é publico passa a ser ruim, o privado que é a solução”, enfatizou.

Beatriz também questionou a privatização a partir de empresas que foram vendidas. Ela citou o caso da Vale, privatizada nos anos 90, que cometeu o crime de Brumadinho (e de Mariana), com mais de 272 mortes devido ao rompimento de sua barragem na cidade.

“A Vale é ótima, né? Bom é a Vale? A empresa pega todo o lucro e deixa comunidades inteiras traumatizadas por crimes ambientais, deixa 272 mortos, deixa o povo sem água, sem condições de sustento pelo rio, não contribui pela melhora do Índice Humano”, criticou. Ela acrescentou com mais críticas: “Na verdade, o privado não serve para o interesse coletivo. No caso de Brumadinho, o que o setor privado fez pelas vítimas? Foi o Estado que fez, com o Corpo de Bombeiro, com a estrutura para atender as vítimas com serviços públicos de saúde”, lembrou.

 

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