Os trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Eletrobras, em especial os técnicos de manutenção de alta tensão e operadores de Usinas e Subestações, estão correndo risco de vida para manter as linhas de transmissão de energia funcionando no País e evitar um novo apagão que pode ocorrer no Brasil se o governo ilegítimo e golpista de Michel Temer (MDB-SP) insistir no sucateamento da empresa para privatizá-la.
As atividades essenciais de operação e manutenção das redes estão sendo feitas de maneira precária, sem recursos técnicos e mão de obra suficiente, colocando em risco a operação do sistema elétrico e a segurança dos trabalhadores.
A denúncia é dos eletricitários, que responsabilizam a política de privatização de Temer e a atual gestão da Eletrobras, comandada por Wilson Pinto, pela precarização das condições de trabalho e pelo sucateamento da estatal, que tem reduzido o quadro de funcionários e descumprido normas de segurança e regulamentação do Sistema Elétrico brasileiro.
O apagão
As consequências dessa política foram sentidas em março deste ano, quando o Brasil viveu o maior apagão da história, após uma falha na Subestação Xingu, no Pará, interromper a distribuição da energia em 14 estados brasileiros.
E agora, quase três meses depois, os trabalhadores das linhas de transmissão, que fazem reparos em falhas no sistema e caminham em um cabo suspenso por vários quilômetros para garantir a chegada de energia nas casas de milhões de brasileiros, denunciam que estão sobrecarregados e não estão dando conta de garantir a manutenção de toda a rede.
Dois técnicos e um supervisor para manter mais de mil km
Em 2001, nas linhas de Furnas - subsidiária da Eletrobras que garante o fornecimento de energia elétrica para 63% dos domicílios brasileiros - esse trabalho era feito por 14 técnicos e dois supervisores, que percorriam 1.000 km de extensão.
Em 2018, após os diversos planos de demissão em massa impostos pela atual gestão da estatal, restou apenas dois técnicos e um supervisor para percorrer 1.300 km.
Segundo um dos técnicos de manutenção das linhas de transmissão do Sistema Eletrobras, que preferiu falar sem se identificar, esse trabalho específico, que exige uma série de formações, inclusive de resgate e primeiros socorros, era feito por pelo menos cinco trabalhadores a cada saída a campo.
“Hoje, há somente três pessoas para fazer o mesmo serviço. Então são sempre os mesmos que saem juntos, porque para fazer esse trabalho não se pode sair a campo sozinho”, conta.
O técnico é enfático ao afirmar que não será possível dar conta de realizar toda a manutenção e que o Sistema corre o risco de apresentar graves problemas.
“Se continuar assim, daqui a pouco vai ter um novo apagão no país”, diz.
CUT Nacional