Eletricitárias florescem Margaridas



Eletricitárias florescem Margaridas

A 6ª Marcha das Margaridas aconteceu em Brasília, nos dias 13 e 14 de agosto, com mais de 100 mil mulheres nas ruas da capital. Sob o lema “Na luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência”, mulheres do campo, da cidade, da floresta e das águas marcharam juntas. Neste ano, as eletricitárias somaram à diversidade: conduzidas pela diretora da Secretaria da Mulher Trabalhadora, Elisa Novy, levamos a bandeira do Sindieletro para a mobilização!

“Fomos convidadas pelo Coletivo de Mulheres da CUT para uma reunião sobre a Marcha das Margaridas. Compreendendo a importância da participação do nosso Coletivo de Mulheres para a formação e fortalecimento da luta, participamos da preparação e de eventos formativos”, explica Elisa, acrescentando que o Coletivo ainda está em processo de construção e, por isso, participaram cinco mulheres representando a entidade. Na próxima edição, há a intenção de aumentar a participação.

Ao longo de suas edições, realizadas de quatro em quatro anos, desde 2000, a Marcha das Margaridas se tornou um espaço político de visibilidade, reconhecimento social e cidadania plena. É a maior ação estratégica conduzida por mulheres na América Latina: realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e suas 27 federações, a Marcha reuniu mais de quatro mil sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de todo o país, além de 16 organizações sociais, movimentos feministas e organizações internacionais.

O tamanho da participação era visível: O percurso da Marcha contabilizou 4,5 km de extensão. Quando as primeiras mulheres chegaram à Praça dos Três Poderes, ainda havia Margaridas saindo do Pavilhão do Parque da Cidade, onde aconteceu a concentração. “Foi um ato forte, bonito e com pautas importantes para a luta da classe trabalhadora”, diz Elisa. A formação foi ponto nevrálgico: houve oficinas, painéis e a Mostra de Saberes e Sabores das Margaridas, além de noite cultural antes da grande passeata.

 Por todas as mulheres, sem distinção

O ato é coletivo: é pelas mulheres trabalhadoras, rurais, urbanas e quilombolas. É contra o ódio, o neoliberalismo, o conservadorismo e os retrocessos, em prol da agroecologia, igualdade e democracia. É claro que a luta eletricitária também faz parte deste caminho.

 “A luta das Margaridas vai de encontro à luta das eletricitárias, principalmente pela pauta contra a privatização da Cemig, pois um dos temas da edição foi a luta pela soberania popular. Esse mote, especificamente, objetiva a garantia de serviços básicos e essenciais, como a energia elétrica para a população”, enfatiza Elisa.

Após a participação, a Secretaria da Mulher Trabalhadora quer intensificar seu trabalho no Sindieletro para a categoria: “Queremos formar mulheres, eletricitárias ou não, bem como toda a categoria, para que compreendam e enfrentem as violências de gênero às quais somos expostas diariamente”, completa.

O Sindieletro se orgulha da participação na Marcha e lembra: somos um sindicato cidadão, que apoia causas sociais como um todo, desde as de cunho feminista às LGBTQ+, do movimento negro, indígena e quilombola. A libertação é para todos e nossa luta é unificada!

A primeira Margarida

Margarida Alves é a força inspiradora da Marcha Trabalhadora Rural Nordestina. Rompendo lógicas patriarcais, ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Além de ser voz importante na luta pela Reforma Agrária, Margarida fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, para que mulheres pudessem estudar.

Suas ideias revolucionárias incomodaram muita gente. Aos 40 anos de idade, em 12 de agosto de 1983, Margarida foi assassinada na porta de casa, na frente do marido e do filho, com tiros no rosto. A voz de Margarida, no entanto, não calou: milhares se tornaram Margaridas e seu nome se tornou um símbolo nacional de luta e coragem. As palavras de Margarida antes de ser assassinada se tornaram um lema: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.

 

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