Eletricistas da Remo na região Oeste dão exemplo de luta coletiva: paralisaram suas atividades



Eletricistas da Remo na região Oeste dão exemplo de luta coletiva: paralisaram suas atividades

Eles reivindicam seus direitos e estão muito unidos. Sindieletro apoia o movimento

Os trabalhadores da empreiteira Remo que prestam serviços para a Cemig na região Oeste (Divinópolis, Cláudio, Bonfim, entre outras cidades) estão dando um ótimo exemplo de organização, lutando por seus direitos. Hoje, 11 de fevereiro, eles cruzaram os braços para exigir cumprimento das cláusulas da Convenção Coletiva e melhoria salarial.

São cerca de 100 eletricistas paralisados e eles cobram que a empreiteira negocie sem enrolação e atenda a pauta de reivindicações que entregaram à Remo. Os trabalhadores estão mobilizados há mais de um mês buscando a negociação, através de seu sindicato, com a empreiteira.

Entenda: Reivindicações são justas

O Sindieletro conversou com vários eletricistas da Remo na região Oeste e eles se disseram muito insatisfeitos e desmotivados com o salário e a postura da empresa de não pagar todos os seus direitos que constam do Acordo Coletivo. A começar pelo salário-base.

Com o reajuste do salário mínimo, em vigor desde janeiro deste ano, eles perceberam que seus salários estavam menores que o mínimo. Procuraram a gestão da empreiteira e o sindicato da categoria e descobriram que o reajuste foi negociado e fechado em outubro de 2021 (data-base), com um índice menor que a inflação (o reajuste foi de 7,59%). Também que a Remo nem tinha aplicado o aumento e tampouco pago o retroativo. Quando a situação foi regularizada, uma nova frustração: o menor salário (piso) da empreiteira ficou praticamente no mesmo valor do salário mínimo.

Os trabalhadores cobram salário digno e justo. Outro ponto da pauta de reivindicações é o plano de saúde. Até há pouco tempo, eles tinham a Unimed, mas a Remo, por economia de custos (sempre com prejuízos para os trabalhadores), mudou o plano para a Promed. Resultado: o plano não funciona, não tem rede conveniada que atenda na região Oeste, ninguém consegue consultas e exames. Os trabalhadores são obrigados a gastar do próprio bolso pelo atendimento à saúde. Somente em Belo Horizonte conseguem consultar e fazer exames pelo plano. A reivindicação é que a Remo garanta um plano de saúde que funcione de fato para eles, em suas cidades.

Eles reivindicam ainda, entre vários pontos da pauta, o óbvio na lei trabalhista: que a Remo disponibilize o contracheque até a data do pagamento. Isso porque a empreiteira disponibiliza o contracheque bem depois do depósito da remuneração, às vezes com atraso até de meses, e no caso, os trabalhadores nem ficam sabendo qual o salário-base e nem quantos receberam de produtividade. A remuneração é variável.

Embora não esteja na pauta, os trabalhadores também debatem com a empreiteira a jornada excessiva de trabalho. Muitas vezes, equipes exercem suas atividades por 14 e até 16 horas seguidas.

Intransigência

Com a intransigência dos representantes da Remo, os trabalhadores estão buscando construir a greve dentro da legalidade junto ao seu sindicato de representação.

Para seguir os protocolos e garantir a legalidade para as negociações e mobilização, além de buscar orientações e informações sobre seus direitos, os trabalhadores procuraram o sindicato da categoria (Siticom - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Divinópolis). Com muito custo, obtiveram a cópia do acordo e a disponibilidade do sindicato para negociar com a empreiteira, junto com eles.

Anteriormente, realizaram uma assembleia e decidiram pela greve, porém, a entidade sindical escreveu na ata da assembleia que era para aguardar o resultado das negociações e só, se for o caso, fazer greve. “Ficamos insatisfeitos, frustrados. Mas agora a mobilização está mais forte. Em nova assembleia decidimos outra vez pela greve e vamos até o fim”, ressaltou um trabalhador.

Desinformação e falta de diálogo

Outro eletricista ressaltou que a empreiteira “promove” desinformações e não tem diálogo com os trabalhadores. “Perguntamos, mas a Remo não nos dá informações sobre os nossos direitos, e só soubemos porque corremos atrás do acordo coletivo. Não tem conversa, o tratamento várias vezes é a base do chicote”.

Todos juntos, ninguém larga a mão de ninguém, para impedir as retaliações

A luta coletiva dos trabalhadores é bem organizada e todos estão conscientes que a união faz a força. “Ninguém larga a mão de ninguém, já estamos percebendo a predisposição da empresa de dividir os trabalhadores, perseguir e oprimir”, disse um eletricista. Outro acrescentou que em reunião de negociação teve gestor que sugeriu a saída de trabalhadores para “pegar serviço”, e tem gente de férias que foi visitada por um supervisor, como quem não quer nada, mas para os eletricistas é uma forma de intimidar. “Não vamos arredar pé da nossa luta. Temos comprometimento com o trabalho, queremos crescer com a empresa e obter nossos direitos e um salário digno”, enfatizou um dos companheiros.

Posição do Sindieletro

O Sindieletro repudia veementemente a postura dos gestores da empreiteira Remo e a omissão da gestão da Cemig na relação trabalhista das contratadas. Enquanto a gestão do governador Zema é investigada na CPI da Cemig pelas diversas irregularidades que beneficiam seus aliados e pelo projeto privatista, os trabalhadores continuam pagando essa conta com essa exploração sem limites na força de trabalho.

Trabalhadores da empreiteira Remo, o Sindieletro está junto com vocês na luta por condições dignas de trabalho; estamos também juntos nesta e paralisação e em uma greve se for necessária para garantir seus direitos! Contem com o nosso apoio até que os gestores da empreiteira atendam a pauta da categoria.

Nossa luta é vida, trabalho e dignidade!

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