Efeito da privatização no Amapá: Eletrobras é convocada para resolver apagão



Efeito da privatização no Amapá: Eletrobras é convocada para resolver apagão

Empresa responsável pela energia no Amapá, que sofre com um apagão há mais de uma semana, é a espanhola Isolux, mas quem está fazendo o conserto são os trabalhadores da Eletrobras, uma estatal. A Eletrobras enviou técnicos do Pará, Maranhão e Rondônia para solucionar o problema.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Urbanitários do Maranhão (STIU/MA), Wellington Diniz, em 2014, a Isolux já deu um prejuízo de US$ 476 milhões ao estado de Indiana, nos Estados Unidos, onde também prestava serviços.

“O que acontece no Amapá pode acontecer em outros lugares. Bolsonaro e [ministro de Minas e Energia] Bento Albuquerque vêm dizendo que a Eletrobras não tem capacidade de investimento, e apostam na privatização, só que na hora em que acontece um acidente como este são os técnicos da Eletrobras que são convocados para prestarem socorro à empresa internacional, porque ela não tem capacidade para resolver o problema”, alerta Diniz.

Engenheiro da Eletronorte explica “apagão” e alerta sobre perigos da privatização

Apesar do “apagão” na cobertura da grande mídia sobre o assunto, todo o Brasil ficou consternado com a situação de quase 700 mil pessoas que ficaram mais de quatro dias sem energia elétrica no Amapá. O blecaute teve início após um incêndio, na noite de terça-feira (3), que ocorreu numa subestação em Macapá, de propriedade da empresa espanhola Isolux Corsan.

O assunto ficou entre os mais comentados no Twitter ao longo da semana, com a maioria dos usuários manifestando solidariedade ao povo do estado, e também figurou entre os temas mais buscados no Google no Brasil neste período.

Em entrevista para o Brasil 247, o engenheiro Ikaro Chaves, funcionário da Eletronorte, explicou em detalhes a situação, denunciou as responsabilidades da empresa espanhola e apontou o desinteresse do presidente Jair Bolsonaro em relação à crise vivida pelos amapaenses. 

 “É muito provável que tenha havido negligência por parte da empresa. Esses equipamentos não deveriam ter falhado. E se eles tivessem falhado, deveriam ter redundância. E mesmo se a redundância tivesse falhado também, seria necessário ter equipamento sobressalente para que elas voltassem rapidamente ao funcionamento, o que não aconteceu”, enfatizou o engenheiro.

Chaves também alertou para o perigo que a privatização do setor elétrico representa para o Brasil. “A tragédia do Amapá não foi a primeira. E, provavelmente, não vai ser a última causada pela irresponsabilidade de empresas privadas”, disse Chaves, que é dirigente da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (AESEL).

“A gente tem visto crises seríssimas em toda a região Norte do país. Em Rondônia, onde a tarifa explodiu, onde foi criada, inclusive, uma CPI [na Assembleia Legislativa] para investigar irregularidades causadas pela empresa privada de distribuição. Temos visto isso no Acre, em Roraima, com o aumento absurdo da conta de luz”, acrescenta o engenheiro.

Mas as crises não se restringem à região Norte, alertou Chaves. “A gente tem visto isso aqui no estado de Goiás, próximo a Brasília, uma situação terrível. Desde a privatização, várias cidades ficaram sem luz durante horas, durante dias, às vezes. Isso afeta o abastecimento de água, isso afeta a produção. Produtores rurais perdem a sua produção por conta da falta de energia”, alerta.

De fato, apenas em 2019 foram registradas mais de 3 mil queixas contra a empresa de energia elétrica de Goiás, a italiana ENEL, que chegou a ser multada em R$ 9,1 milhões pelo Procon. O próprio governador Ronaldo Caiado (DEM) chegou a defender a estatização da companhia, mas voltou atrás.

Fonte: Brasil 247

 

item-0
item-1
item-2
item-3