A menos de uma semana do segundo turno das eleições, um sombrio horizonte paira sobre as brasileiras e os brasileiros. Muito mais do que a polarização entre a esquerda e a direita, está em jogo um projeto de sociedade e a própria democracia do nosso país.
Em pronunciamento realizado logo após o 1º turno das eleições, o candidato Jair Bolsonaro, primeiro colocado nas pesquisas eleitorais, em meio a declarações de que busca a paz e a unificação nacional, afirmou: “(...) Vamos botar um ponto final em todos os ativismos do Brasil”.
O jornalista Leonardo Sakamoto, em texto publicado no dia seguinte, questionou a declaração. Ativismo político, estudantil, sindical, empresarial, social, cultural? De direitos humanos, indo contra as leis brasileiras e os tratados internacionais que o país assinou? Ativismo, que significa a militância da sociedade voltada a mudar o que considera errado e apoiar o que acha certo? Se for isso, “o candidato propôs tolher a liberdade”, avaliou o colunista.
Não satisfeito, Bolsonaro voltou às redes sociais no domingo, 22, ameaçando àqueles que chamou de “vermelhos”, numa clara menção à oposição de esquerda. “Ou vão pra fora do país, ou vão pra cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, disse.
Estaria o nosso país condenado a uma agenda fascista, autoritária e excludente? Para o Sindieletro a resposta é não.
Lembremos, companheiras e companheiros, que a linha que separa o ultranacionalismo do fascismo é tênue, quase imperceptível, mas não é invisível. Todos têm direito a um país justo, democrático e inclusivo, com a garantia de direitos políticos e sociais. E, por isso, cabe à sociedade civil dizer um altivo e sonoro não a declarações desse tipo.
O respeito à divergência de ideias é um pressuposto fundamental para a democracia. Subjugar a opinião alheia, negar voz às minorias é compactuar com ideários fascistas. Qual o tipo de governo – ou de governante – propõe acabar com a oposição? Ao longo da história temos exemplos da barbárie que significa esse tipo escolha.
Por isso, defendemos um Brasil livre e para todos! Um país onde negros não sejam comparados a gado, onde mulheres não sejam expostas à cultura do estupro e nem ganhem menos “porque engravidam” e onde ninguém tente impor mudança de orientação sexual de outro na base da pancada, como se isso fosse possível.
Sonhamos, sobretudo, com uma nação em que a classe trabalhadora possua direitos e não perca suas conquistas. Um país civilizado em que as ameaças, a tortura e o fuzilamento não sejam tolerados e muito menos ostentados por quem quer que seja.
No dia 28 de outubro teremos que fazer a opção definitiva entre a democracia e a barbárie, com a consciência de que nosso voto será a resistência onipresente contra o menor sussurro de fascismo. O Brasil é maior que isso e cabem em nosso país os ideais de respeito e de desenvolvimento verdadeiro, com emprego, saúde e educação.
Será um pleito difícil. No plano estadual mineiro não há, neste segundo turno, opção consoante com os pressupostos que sempre defendemos como entidade sindical cidadã. Por isso, após avaliação realizada em conjunto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quem Luta Educa e com a Frente Brasil Popular, vislumbramos que a melhor escolha, nesse momento, é a defesa de um projeto democrático e popular para o país.
Mesmo num cenário pós-golpe, continuamos de pé, cabeça erguida, confiantes e resistindo bravamente nesta luta. Que entre as figuras simbólicas do professor e do defensor da tortura e de torturadores, saibamos distinguir com clareza aquela que representa o projeto que nos conduzirá para o futuro, ao invés de nos enterrar de vez no passado.
Se o ódio ganhar nas urnas, todos sairão perdendo.
Democracia, direitos, liberdade, igualdade e justiça social, sim!