Desde 12 de maio o Brasil caiu nas garras de Michel Temer, que se tornou presidente interino, impopular e ilegítimo. Ele assume o mais alto cargo do executivo brasileiro num processo conspiratório-golpista confirmado por telefonemas do ministro de Planejamento, Romero Jucá, e outras gravações de políticos da equipe de Temer e apoiadores do presidente ilegítimo. Ele também é apoiado pela mídia monopolizada.
A armação culminou no afastamento da presidente eleita com mais 54 milhões de votos, Dilma Rousseff.
Milhares marcharam exigindo o fim da corrupção, mas foram abandonados muito antes do fim da caminhada. Agora, assistem, do lado de fora do Planalto, um presidente que pode ser condenado e tornar-se inelegível pelos próximos oito anos, nomear, para seus ministérios, sete “sujeitos” citados na Lava Jato.
A população quer o fim da corrupção e por isso a maioria ficou perplexa quando Temer nomeou para ser líder do Governo na Câmara o deputado André Moura, investigado pela Lava Jato e réu em três ações no Supremo Tribunal Federal (STF) por desvio de dinheiro público e tentativa de homicídio.
E o angu do golpe tem mais caroços. Liberal no aspecto econômico e ultraconservador em todo o restante, Temer tem uma crise econômica para enfrentar e já elegeu quem pagará a conta: os trabalhadores. Basta dar uma olhada no “ministério temerário” constituído por ele.
Na Fazenda, Henrique Meirelles pretende emplacar uma reforma na Previdência, reduzindo direitos e aumentando a idade mínima para a aposentadoria para 65 anos. Acabar com obrigatoriedade mínima de investimentos na saúde e educação nas esferas municipais, estadual e federal está na pauta do governo golpista.
E tem mais. Na tropa de choque dos golpistas, a Educação está com Mendonça Filho, que já se posicionou a favor da cobrança de mensalidades em universidade públicas.
O partido dele, o DEM, já acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Prouni, o Fies e as cotas em universidades. No Trabalho, o ministro será Ronaldo Nogueira, que é a favor da terceirização nas atividades-fim e já articula, com o apoio de Temer, uma reforma trabalhista para retirar direitos da classe trabalhadora, com propostas como a prevalência do negociado sobre a CLT.
Na saúde, o caos parece próximo. Quem pedia hospitais padrão Fifa recebeu, do novo ministro da pasta, Ricardo Barros (PP), o recado de que o Brasil deverá repensar o direito de acesso universal à saúde pública. Enquanto isso, pastas que representavam avanços na luta por igualdade e direitos de minorias foram extintas, caso das Secretarias das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, com status de ministério.
Não bastasse, na área social já foram anunciados cortes expressivos nos programas Minha Casa, Minha Vida e no Bolsa Família.
Por isso, diante de tantos ataques, tanto retrocesso, não nos resta alternativa senão a de lutar em defesa dos nossos direitos e conquistas no único campo realmente democrático restante neste país: as ruas. Só com muita mobilização, união e resistência poderemos mudar os rumos da agenda conservadora e ultrapassada, trazendo de volta perspectivas de emprego, inclusão, diversidade, bem-estar social, além de reforma política, condição real para acabar com a corrupção e para garantir liberdades democráticas e a soberania nacional.
Seja na Cemig, durante os debates, ou nas ruas, engrossando o coro contra o golpe, não importa. Faremos da mobilização desta categoria, que jamais fugiu à luta, um dos pilares para a retomada do Brasil pelo legítimo povo brasileiro: aquele que faz o país crescer com sangue e com suor.
Vladimir Safatle, professor livre-docente da Universidade de São Paulo, escreveu em coluna no último dia 13 de maio: “Quem chorou diante dos momentos de miséria política que este país viveu nos últimos tempos, que se lembre de que o Brasil sempre surpreendeu e surpreenderá.Esse não é o país de Temer, Bolsonaro, Cunha, Renan, Malafaia, Alckmin. Esse é o país de Zumbi, Prestes, Pagu, Lamarca, Francisco Julião, Darcy Ribeiro, Celso Furtado e, principalmente, nosso. Há um corpo político novo que emergirá quando a oligarquia e sua claque menos esperar”.
Então, façamos nossa parte: Lutemos, sem trégua, pois a história deste país deve ser - e será - escrita por nós, trabalhadores. Não por eles.