A visita do Papa Francisco ao Equador, à Bolívia e ao Paraguai, entre os dias 06 e 12 de julho, ficou marcada na história de lutas sociais e sindicais dos latinos americanos. Durante a visita, o papa Francisco convocou os trabalhadores e os povos pobres, indígenas, mulheres, negros e outras minorias para a luta pelo que chamou de três pilares que precisam ser conquistados: “Terra, Trabalho e Teto”. Francisco criticou o capitalismo, o que denominou de “sutil ditadura”. O papa também não poupou os meios de comunicação que, segundo ele, são concentrações monopolistas.
Durante a visita de Francisco à Bolívia aconteceu o Encontro Mundial de Movimentos Populares, com 1.500 pessoas de 40 países. A programação contou com painéis que aprofundaram temas como, a terceirização em esfera global, a exploração e a precarização das condições e relações de trabalho, o trabalho infantil e escravo, a exploração dos povos indígenas e o modelo econômico de produção predatória que está acabando com o meio ambiente (a Mãe Terra), entre outros assuntos.
Dois diretores do Sindieletro participaram da delegação mineira para o Encontro, Jairo Nogueira Filho, também secretário geral da CUT MG, e Jair Gomes Pereira Filho, que atua na Pastoral Social Comunidade Nossa Senhora da Esperança, da Paróquia Rainha da Paz, no bairro Caiçara.
Jair lembrou que os movimentos social e sindical entregaram ao Papa uma carta com grande destaque para a luta dos trabalhadores contra a terceirização, citando as consequências do PL 4330 (hoje, tramita no Senado como PLC 30).
“Ficou claro no encontro com o Papa que nós, trabalhadores, precisamos nos organizar mundialmente. O capital se globalizou e agora chegou a hora das lutas se globalizarem”, avaliou Jairo Nogueira Filho.
Papa condena a exclusão e a indiferença
O papa convocou os fiéis a refletirem sobre a realidade dos excluídos e trabalhadores na América Latina e sobre a degradação do meio ambiente, lançando um desafio para os povos: lutar para mudar a sua realidade.
“Reconhecemos nós que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua dignidade? Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob ameaça constante? Então falemos sem medo: Precisamos e queremos uma mudança”.
Francisco lembrou que o sistema capitalista se tornou global e impôs a lógica do lucro a todo o custo, a exclusão social e a destruição da natureza. Ele reconheceu que o capitalismo é insuportável para os camponeses, os trabalhadores, as comunidades pobres, e é insuportável para a Mãe Terra. “Queremos a globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, que deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença”, destacou.
Francisco colocou como tarefa para os movimentos social e sindical a luta por uma economia a serviço do povo, inclusiva, onde os seres humanos e o meio ambiente não estejam a serviço do dinheiro.
Monopólio da Comunicação
O pontífice criticou também a concentração monopolista dos meios de comunicação social, “que pretendem impor padrões alienantes de consumo e certa uniformidade cultural”. Segundo ele, esse monopólio é outra forma de um novo colonialismo, o colonialismo ideológico.