Diretor da Cemig-D deprecia empresa em reunião com contratados



Diretor da Cemig-D deprecia empresa em reunião com contratados

Não é novidade que a gestão de Romeu Zema se vale de difamações para tentar desconstruir a imagem da Cemig perante a sociedade mineira. Sabemos que essa prática tem apenas um objetivo: convencer a população de que a estatal não é eficiente e, logo, deve ser privatizada.   

Apesar de vermos os ataques constantes na mídia, o trabalho de calúnia também acontece dentro da empresa, vindo de gerentes e diretores indicados pelo governador. Mas quando críticas infundadas e até ofensas acontecem dentro do ambiente de trabalho, o impacto sobre a autoestima dos trabalhadores e trabalhadoras é muito maior. 

Foi o que aconteceu durante a reunião de segurança da Liderança DCD e Contratadas, na última quarta-feira (16). O encontro virtual é periódico e discute os índices de acidentes e outros assuntos pontuais. Durante a conversa com os trabalhadores e trabalhadoras presentes, cerca de 70 pessoas, nossa fonte se sentiu incomodada com um comentário do diretor da Cemig Distribuição, Marney Tadeu Antunes. 

Antunes disse, ao reclamar dos índices de acidentes na empresa, que “a Cemig não é referência em nada”. O diretor chegou a dizer que terceirizados devem ser demitidos caso cometam falhas, e citou demissões de contratados. “Foi inoportuno. Ele poderia ter sido mais polido. Chegou na empresa há pouco tempo por um cargo de indicação. Ele não está a par de tudo”, nos explica o trabalhador.  

O funcionário relembra que os eletricistas de empresas terceirizadas ganham, em média, R$1.400,00, e muitos não recebem o adicional de periculosidade. “O pessoal da supervisão precisar orientar os funcionários, pois a vida dos contratados não é fácil, ainda mais para o índice de cobrança que sofrem”, comenta o funcionário, contando que o clima da reunião ficou ruim após o comentário. 

Não apenas o clima é afetado por comentários como o de Marney Antunes. O comportamento também fere a Declaração de Princípios Éticos e Código de Conduta Profissional da Cemig, que dispõe sobre a obrigação de seu funcionário em “não expor de forma negativa seus colegas de trabalho ou a empresa”.  

 

Diretor é mais um indicado de São Paulo 

Outro fato que, infelizmente, não causa surpresa, é o de que o diretor é mais um dos indicados de Romeu Zema que vêm diretamente de São Paulo. Marney Antunes foi contratado no dia cinco de janeiro deste ano e seu currículo é recheado de experiências em terras paulistas, com destaque para o setor de energia privatizada. Ou seja, Antunes é um diretor que traz na bagagem a visão negativa sobre a empresa, portanto, muito bem alinhado à narrativa de desmonte que Zema sustenta. 

Mas não deixa de ser curioso que Antunes reclame dos índices de acidentes, uma vez que participa de uma política de gestão que não procura resolver estes problemas. Os percalços da Cemig passam por vários pontos, mas com certeza, o fato de a empresa ser uma estatal não é um deles. O secretário-geral do Sindieletro, Jefferson Silva, relembrou o fato durante a Eletrolive do dia dois de junho: “A gente sabe a origem destes problemas. A Cemig é uma empresa de economia mista que tem participação de empresas privadas – que estão no conselho de administração da Cemig diminuindo os investimentos, os orçamentos gerenciais e diminuindo recursos na política de pessoal para maximizar lucros”. 

 

Problemas na Cemig? Vamos à CPI! 

Convocar pessoas de outro estado para gerir um bem público mineiro já se tornou praxe para Romeu Zema. Também por isso, a CPI da Cemig foi aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na quarta-feira (16). Entre outros pontos, a transferência de atividades administrativas da Cemig para São Paulo será alvo de investigação, por gerar “prejuízos ao interesse público estadual”. 

Na Eletrolive da segunda-feira (21), a deputada estadual Beatriz Cerqueira, proponente da CPI da Cemig, relembrou que a estratégia do partido Novo não tem nada de inédita. “Preparar a mudança da empresa mineira para São Paulo é cuspir na nossa cara. É uma ideia absurda. A soma de ações da gestão desmascara o discurso do Novo, o discurso da não-política, pois o que identificamos é, talvez, o maior aparelhamento da história da empresa para interesses partidários e privados”, aponta. 

Deixamos claro que a organização não se limita à Assembleia de Minas. Os eletricitários estão municiados de argumentos e muito conhecimento dos processos da empresa, para lembrar Marney, e todos os outros detratores da Cemig, que nossa categoria é atuante e consciente. Sabemos o tamanho da Cemig, sabemos o tamanho de seus trabalhadores. Sabemos quais são os problemas e buscamos soluções justas. Ativos e aposentados estão juntos para proteger a estatal de forma honesta: sem desmoralização, sem derrotismo.  

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