Dificulta mais a privatização: ALMG tem independência inédita do governador



Dificulta mais a privatização: ALMG tem independência inédita do governador

Os maiores grupos de parlamentares na Assembleia de Minas agora são neutros ao governo. O bloco governista perdeu seis parlamentares esta semana e mais um no fim do ano passado por causa da extinção do PHS. Com isso, passam a liderar a pauta do parlamento o PSD e em especial o MDB, partidos comandantes dos blocos independentes. A debandada na base governista significa, ainda, um nível de independência ao governo como não se vê há pelo menos três décadas na política mineira.

Até o momento os apoiadores de Zema são 16. Antes eram 23. O líder da agremiação pró-governo, deputado Gustavo Valadares (PSDB), trabalha nos bastidores para diminuir a perda.

As legendas dos deputados Gil Perreira (Progressista) e Roberto Andrade (PSB) saíram da base. Ambos os parlamentares, porém, afirmaram continuar apoiando o governo. E o deputado Fernando Pacheco cujo partido, o PHS, foi extinto, deve decidir se integrará algum partido do bloco governista ou não. Ao site ele disse que ainda não decidiu. Mas, sinaliza seguir com Zema. Com a deputada Celise Laviola (MDB) de outro bloco mas apoiadora do governador, poderá haver recomposição de 20 parlamentares na base governista. A certeza disso poderá ocorrer até esta sexta (7/1). De todo modo, a base continuará menor.

Um parlamentar migrou para o bloco liderado pelo PSD, que passa a ter 21 deputados. Três parlamentares foram para o grupo sob comando do MDB; agora com 23 parlamentares, o maior da Assembleia. Com isso, toda proposta do governo será aprovada com o aval dos grupos neutros, correspondente a 44 deputados ou quase 60% do total de 77 membros do legislativo.

As articulações dos governistas terão que aumentar. Práticas da “velha política”, como Zema nomeou em campanha a liberação de emendas e indicação de cargos públicos aos amigos políticos, poderão ser a melhor estratégia a partir de agora.

Os neutros não comungam na maioria das vezes com as ideias do governo. “O nosso bloco não tem a mesma tara privatista que os governistas”, constatou o líder do maior bloco da Assembleia, deputado Sávio Souza Cruz (MDB). Então, a partir de agora, privatizar todas as empresas publicas, condição de Minas entrar no socorro federal como Zema pretende, poderá ser mais difícil.

“Continuaremos mantendo nossa postura. Estaremos com o governo sempre que acharmos prudente, naquilo que for melhor para o Estado”, afirmou o deputado Cássio Soares (PSD), chefe do segundo maior bloco. As opiniões sobre privatização, entre outras pautas do Executivo para este ano, também não são mais bem acolhidas no bloco dele. Por exemplo, o outro requisito para aderir à ajuda federal é o aumento da alíquota previdenciária para servidores públicos civis e militares. No bloco do PSD, estão dois grandes representantes da segurança pública, Coronel Sandro (PSL) e Sargento Rodrigues (PTB); este já sinalizou até que pode propor sitiar a Assembleia quando a proposta chegar à casa.

Como este ano a pauta do governo se concentra em reformas econômicas e administrativas, os governistas deverão dar atenção especial ao bloco MDB. O presidente da Comissão de Administração Pública é o deputado João Magalhães (MDB). A Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária também é presidida por um integrante desse bloco, o deputado Hely Tarquinio (PV). Tais comissões são de mérito. Elas não podem barrar nenhum projeto. Mas o Plenário aprova matérias com base no parecer dessas comissões.

Tamanho poder de deputados independentes ao governo é algo não visto na política mineira desde a redemocratização do país, na década de 1980. Desde então, a Assembleia sempre falou amém ao Executivo. No governo Aécio Neves, por exemplo, houve um ano em que ele dispunha de 40 parlamentares; o ex-governador Newton Cardoso na década de 1990 tinha cerca de 30 bem como Pimentel na administração passada.
 
Fonte: Os Novos Inconfidentes, por Marcelo Gomes,  jornalista

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