O Sindieletro continua na luta pelos direitos e empregos dos trabalhadores. Empresa que realmente pratica sua função social não permite demissões em plena pandemia, pois manter o posto de trabalho significa proteção aos mais vulneráveis
Hoje é mais um dia triste para vários companheiros terceirizados a serviço da Cemig, na região Metropolitana. Nesta sexta-feira, 31, um grupo de trabalhadores da segurança patrimonial da Cemig, na Grande BH, com 52 anos ou mais, demitido sumariamente, teráo sua última jornada na empresa. No final do dia, os trabalhadores do grupo irão para casa sem saber do futuro, com a preocupação sobre como irão sobreviver e sustentar a família.
O Sindieletro tentou de tudo para impedir as demissões. Em uma reunião com o gerente de Relações Trabalhistas, Brunno Viana, denunciamos que a substituição da empreiteira Ala Vigilância pela Essencial Vigilância levaria à demissão de diversos trabalhadores. Insistimos bastante para que a empresa se empenhasse para evitar o triste desfecho: a dispensa de vários vigilantes.
Mas, infelizmente, após a reunião, com a alegação (fria) da Cemig de "corte de custos", apontando, inclusive, que o motivador da redução de pessoal é justamente o coronavírus, o pior aconteceu. Os vigilantes com mais de 52 anos de idade não foram admitidos pela Essencial, o que representou a demissão de 30 trabalhadores.
É a empresa motivando demissões por causa da covid-19 e por idade, contra justamente os trabalhadores mais vulneráveis neste momento tão difícil de pandemia.
O diretor do Sindieletro, Jair Gomes Pereira Filho, avalia que, além das demissões estarem ocorrendo em meio a uma pandemia, o cenário também incluí altíssimo desemprego no país. “Neste contexto, é triste e vergonhoso para a atual gestão da diretoria da Cemig, indicada pelo governo Zema. Infelizmente, o governador e os gestores da empresa têm visado somente cortar custos. Demonstram que, assim como o governador Zema, não estão preocupados com os trabalhadores e com os empregos”, critica.
Para Jair, o mais lastimável é que as demissões são realizadas em plena pandemia e com a desculpa da Covid-19, o que vai totalmente no sentido contrário ao dever e compromisso do Estado com a população. O Estado, acrescenta, deve proteger os mais vulneráveis dos impactos da crise.
Ainda segundo o dirigente sindical, com as demissões, a questão da segurança patrimonial fica negligenciada pela Cemig, uma vez que, com menos vigilantes, a vulnerabilidade do patrimônio da empresa passa a ser maior. “Inclusive, há denúncias de que nos locais onde haviam as duplas de guardas contarão apenas com um vigilante a partir do dia primeiro de agosto. Perguntamos: como ficarão a saúde e segurança desse trabalhador, caso sinta algum mal e/ou caso seja surpreendido por um invasor nas instalações da Cemig, ao estar trabalhando sozinho?”.
Outras demissões e contradição
Desde o início da pandemia, outros trabalhadores terceirizados já foram demitidos, numa demonstração de insensibilidade da Cemig com a situação de crise sanitária e humanitária. Muitos empregados de serviços de vigilância de outras empreiteiras, e de conservação e limpeza já foram demitidos. Também companheiras e companheiros das copinhas foram mandados para o olho da rua.
Enquanto isso, vários trabalhadores, do quadro próprio e terceirizados, procuram o Sindieletro, indignados, para denunciar: a Cemig revê ou encerra contratos de terceirização com impactos que levam a demissões em massa de pais de família, mas, por outro lado, realiza gastos estranhos e absurdos, em contradição ao discurso da própria empresa de que é preciso reduzir custos para enfrentar o momento de crise. Esses trabalhadores apontaram a contradição, dizendo que, “os comentários na ‘Casa’ é que a Cemig realizou a contratação de uma assessoria para a alta gestão no valor superior a R$770 mil”.
O que priorizar neste momento de pandemia? Os que estão sendo demitidos são os trabalhadores mais vulneráveis, em sua vida, na saúde física e mental, e nas finanças. É justamente quem tem grande dificuldade de colocar comida em casa, pagar as contas de luz e água. São os que mais se endividam, por falta de dinheiro.
O Sindieletro lamenta muitíssimo a opção da Cemig por contribuir no agravamento da crise e do desemprego. Nestes tempos de pandemia, é fundamental que empresas, sobretudo as estatais, que têm função social, sejam solidárias.
O povo tem demonstrado solidariedade com os mais vulneráveis, realizando campanhas de doações, os sindicatos e o movimento social também estão ajudando, estão levando comida para quem mais tem fome. O Sindieletro é uma das entidades que assumiu esse papel de Sindicato Cidadão pela solidariedade. Mas, e as grandes empresas, que faturam bilhões? Qual o papel delas neste momento?
Continuaremos na luta em defesa de todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras, do quadro próprio e terceirizados(as). Não vamos esmorecer. Cada vida importa para nós, cada emprego é fundamental para proteger os mais vulneráveis.
Vida, trabalho e dignidade!