Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo.
Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
A Organização Mundial de Saúde estima que o suicídio é a 13ª causa de morte no mundo, sendo uma das principais entre adolescentes e adultos até aos 35 anos. A taxa de suicídio é maior nos homens do que nas mulheres.
São estatísticas alarmantes – no entanto, é um assunto pouco discutido, segundo a própria OMS.Por mais solitário que esse ato extremo possa parecer, ele afeta filhos, pais, maridos e mulheres, amigos e colegas.
Um estudo americano publicado no ano passado diz que, para cada pessoa que se mata, o efeito pode chegar a impactar 135 outras.A professora Julie Cerel, da Universidade do Kentucky, também percebeu que impacto não depende só de laços familiares, mas da proximidade com a pessoa que se matou.Falar sobre o assunto é sempre um desafio.
No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio – e neste Setembro Amarelo – a BBC fala sobre as melhores formas de conversar com alguém que está pensando em suicídio.
Comece a conversa
Não há certo ou errado ao conversar sobre pensamentos suicidas, o importante é começar a conversa, diz à BBC Emma Carrington, porta-voz da entidade de combate à doenças mentais Rethink UK."Em primeiro lugar é preciso reconhecer que é uma conversa difícil. Não é uma conversa que temos todos os dias. Então, você vai ficar nervoso e isso é normal. O importante é ouvir e não julgar."Conselhos para conversar com alguém com pensamentos suicidas:
Escolha um lugar calmo onde a pessoa sinta-se confortávelGaranta que vocês dois terão tempo suficiente para conversar
Se você disser a coisa errada, não entre em pânico; não seja duro demais consigo mesmo Foque na outra pessoa, faça contato visual, ponha o telefone de lado – dê sua atenção total à outra pessoa
Seja paciente, podem ser necessárias várias tentativas até a pessoa estar pronta para se abrir
Use perguntas abertas que precisam de respostas que sejam mais do que um sim ou um não
Não sinta que precisa preencher todos os silêncios com conselhos e com palavras: às vezes a pessoa está tomando coragem para falar e precisa de um tempo
Não interrompa ou ofereça uma solução para todos os problemas, o importante é ouvir
Não empurre suas próprias ideias sobre como a pessoa deve estar se sentindo
Verifique se a pessoa sabe onde e como obter ajuda profissional
Quem está em risco?
A proporção entre homens e mulheres, no entanto, varia de país para país.A Rússia tem o índice mais alto de suicídio entre homens (48 a cada 100 mil em 2016), seis vezes maior do que a taxa entre as mulheres.
A ligação entre o suicídio e doenças mentais (principalmente depressão e alcoolismo) é bem documentada. Mas muitos casos acontecem impulsivamente em momentos de crise, quando as pessoas têm surtos diante de estresses, problemas financeiros, separações, dores ou doenças.
Os índices são altos entre populações rurais e entre grupos que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes, indígenas, pessoas LGBT e presidiários.
De acordo com a OMS, pessoas que passaram por conflitos armados, desastres, sofreram abusos, perdas, violências ou sentem isolamento também estão em risco.
Destruindo mitos
Organizações de saúde mental tentam acabar com o que dizem ser um mito comum: o de que conversar com as pessoas sobre suicídio vai incentivá-las a tirar suas próprias vidas.
De acordo com a organização australiana Beyond Blue, da ex-primeira-ministra Julia Gillard, ter a liberdade de conversar sobre o assunto pode ajudar a restaurar a esperança das pessoas que estão tendo pensamentos suicidas.
Com informações do Portal G1