Deputada condena baixa utilização de recursos pelo Ministério da Mulher



Deputada condena baixa utilização de recursos pelo Ministério da Mulher

“Num país com recorde de feminicídios, constantes violações de direitos humanos e casos crescentes de racismo e homofobia, o governo não utiliza recursos que a lei orçamentária destina. Um Ministério de fachada com o único objetivo de desinformar e desassistir. Uma vergonha.” A crítica foi feita pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) diante da baixa execução orçamentária do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandada por Damares Alves.

Em mais um ano, a pasta não utilizou 50% da dotação orçamentária inicial. Ao todo, apenas 43,8% dos recursos chegaram a ser efetivamente pagos, ou seja, dos R$ 482,7 milhões inicialmente planejados, apenas R$ 211,4 milhões foram executados.

Em suas redes sociais, Damares chegou a comemorar a atuação do Ministério. Em publicação feita ainda em janeiro deste ano no Instagram, uma fotografia da ministra ao lado do presidente Jair Bolsonaro tem como legenda a informação de que 98% dos recursos foram executados. No entanto, de acordo com a análise dos dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Governo Federal feita pelo site Metrópoles, as contas não fecham.

Segundo a reportagem, “de todas as ações para assistência às mulheres, houve, na verdade, empenho de 87,3%. No entanto, apenas 19,3% tiveram pagamento efetivo”. O valor empenhado é aquele reservado pelo governo para um pagamento. O empenho pode ocorrer após a assinatura de um contrato para prestação de serviço, por exemplo. Caso ele seja executado, a quantia é liquidada e depois quitada com fornecedor. Caso contrário, a verba retorna aos cofres públicos.

A maior parte do dinheiro desembolsado pelo Ministério, no entanto, é para o pagamento de servidores, incluindo auxílio moradia e salários. Outras áreas, entretanto, tiveram atenção reduzida. Caso da ação de promoção e defesa de direitos para todos, responsável, entre outros programas, pelo enfrentamento à violência contra pessoas LGBT: 24,8% dos valores foram pagos.

Para a Casa da Mulher Brasileira, local para acolhimento e apoio a vítimas de violência doméstica, o Ministério não efetuou nenhum pagamento.

Damares explicou nesta segunda o baixo uso do orçamento e comparou com uma obra inacabada, quando se paga pelo trabalho já concluído. “A execução não é direta”, disse a ministra. “Aqui a gente paga conforme o andamento. Fez o alicerce, paga. Construiu paredes, paga. O telhado? Paga a última parcela. Não fez? Não recebe. Isso é compromisso com o dinheiro suado do cidadão. É o combate à corrupção na prática”, disse a ministra em seu perfil no Twitter.

Investigação

A baixa execução da Pasta motivou o Ministério Público Federal a abrir um inquérito para investigação. A diligência deve apurar quais são os impactos nas políticas públicas cobertas pelo órgão comandado por Damares

Fonte: Portal Vermelho, por Christiane Peres

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