A lógica perversa de fazer mais com menos, com o corte de custos, atinge exatamente a parte mais vulnerável da cadeia produtiva, os trabalhadores.
Na Cemig, hoje, ocorrem demissões por toda a parte, de pessoal próprio e de terceirizados, por conta da política da Cemig de cortar por todos os lados, sem dó e piedade, sem critério algum.
No Centro Integrado de Sete Lagoas (CI), por exemplo, a empreiteira Equipe Administração e Serviços demitiu seus quatro porteiros, mas a Cemig não contava com a reação dos eletricitários do local. Na manhã da segunda-feira (11), eles realizaram um ato em frente à portaria da Cemig contra as demissões.
Todos temem pelos impactos na segurança, tendo em vista que no lugar dos porteiros ficarão seguranças armados. O CI é um espaço grande, maior que um quarteirão, e situa em um bairro isolado. Os trabalhadores denunciam que serviços de portaria não constituem função de seguranças armados. Eles são treinados para fazer rondas que, muitas vezes, demoram 40 minutos, e precisam ter toda a atenção para qualquer movimento irregular. Ao realizarem serviços burocráticos na portaria, correrão sérios riscos de serem rendidos, podendo ter a arma roubada.
Com a voz embargada e muito emocionado, o eletricista Edvam Rodrigues de Paula disse se sentir constrangido com as demissões dos trabalhadores, “São pessoas simples, honestas, que recebem baixos salários, algumas com mais de 19 anos prestando serviços para a Cemig e, agora, são colocados na rua. Não podemos virar as costas para estes trabalhadores”, desabafou.
Com o pai e a mãe desempregados, o porteiro Alex de Freitas Martins, há 11 anos prestando serviços para a Cemig, é um dos trabalhadores demitidos. Alex não sabe o que fazer para pagar o aluguel da casa e manter as panelas cheias.
Dramática também é a situação do ex-porteiro, Almir Soares de Azevedo, há 19 anos trabalhando para a Cemig. Faltando pouco mais de quatro anos para se aposentar, Almir vê o sonho da aposentadoria cada vez mais distante e teme pelo futuro “Sempre cumpri com minhas obrigações e procurei fazer meu trabalho correto. Tenho 55 anos de idade, não sei se consigo outro emprego”, desabafa.
Os eletricitários presentes no ato decidiram que vão fazer uma carta e entregar à direção da Cemig , o assunto também será discutido na reunião de CIPA.