Nas setoriais, os eletricitários continuam repudiando as demissões praticadas pela Cemig ao longo da semana. Na portaria do Quarteirão 14, na Cidade Industrial, onde nove trabalhadores com mais de 55 anos receberam carta de demissão, o clima era de indignação e de muitas críticas às atitudes da Cemig nas relações de trabalho.
O diretor do Sindieletro e secretário geral da CUT Minas, Jairo Nogueira Filho, destacou a necessidade da categoria se mobilizar para reverter as demissões. Ele também ressaltou a importância de se manter o foco na campanha de renovação do Acordo Coletivo de Trabalho. "Vivemos um momento perigoso e toda a categoria tem que estar preparada para muita luta. Além da bomba das demissões, todo o ACT está na berlinda já que a sentença normativa do Tribunal Superior do Trabalho vence em 31 de outubro. Nossa estratégia vai ter que ser antecipar a mobilização.Não dá para esperar mais".
O coordenador do Sindieletro na Regional Metalúrgica, Ronei Cardoso, aproveitou o aniversário do Sindicato para ressaltar a capacidade histórica de luta dos eletricitários. "Ao longo desses 65 anos de luta, nos mantivemos de pé, no combate pelos nossos direitos. Foi assim que barramos a privatização da Cemig por duas vezes e evitamos outros golpes e é assim que continuamos, hoje, na luta contra as demissões e em defesa de cada conquista que está no nosso acordo".
Num processo marcado pela falta de respeito, trabalhadores foram comunicados do desligamento e avisados para não voltar mais no dia seguinte. Cadê os respeito!? Enquanto demitem trabalhadores de carreira, as portas da empresa continuam escancaradas para os “ad-nutums” e os contratados por indicação política. Uma vergonha!
Esperança e decepção
A diretoria que assumiu a Cemig gerou grandes expectativas de mudanças e, passado pouco mais de um ano, a frustração é o sentimento que impera. Compromissos assumidos com a categoria estão sendo sistematicamente descumpridos, como se os eletricitários não merecessem respeito. Onde está a valorização dos trabalhadores e a melhoria dos serviços? E o fim das demissões e da terceirização?
Estamos cansados de ouvir muito e ver pouco ser feito. Agora, vamos para a luta. E na nossa pauta, além do nosso ACT, dos nossos direitos, vamos defender um valor intangível que gestão nenhuma da Cemig pode retirar de nós: dignidade.
Não vamos assistir calados a trabalhador pagar o pato pela má gestão dos investimentos da Cemig. E também não vamos sucumbir ao sentimento de “medo de ser o próximo”. Pelo contrário, com alegria, emoção e com coração, começamos nossa Campanha Salarial 2016/2017 tendo um só objetivo: Nenhum direito a menos! Nenhum trabalhador a menos!
Deu na rádio peão
Falsidade, traição, hipocrisia. Estes adjetivos são pouco para qualificar as últimas atitudes da gestão da Cemig. Querem que paguemos o pato por uma crise que não foi criada por nós. A diretoria vive um verdadeiro carnaval, enquanto para os trabalhadores querem arrocho total!
Lembremos, por exemplo, que em abril deste ano a empresa aprovou aumentos de 22,5% para toda a diretoria da estatal, 24% para o Conselho de Administração e de 36,6% para o presidente da empresa, Mauro Borges, cujo “salário” saltou de R$ 44,2 mil para R$ 60,5 mil.
Agora, pouco mais de um mês depois dessa farra, a Cemig demite quase 185 trabalhadores alegando crise, problemas de sustentabilidade, endividamento alto. Mas peraí! Quem endividou a Companhia? Quem distribuía mais dividendos do que o próprio lucro da estatal?
Nas próximas semanas, fique atento ao calendário de reuniões setoriais. Vamos discutir estratégias de mobilização contra as demissões e começar a elaborar a nossa Pré-Pauta de Reivindicações para o ACT. Participe! Só a união da categoria poderá fazer frente aos ataques da empresa.
Nenhum direito a menos! Nenhum trabalhador(a) a menos!