Uma das bacias hidrográficas mais importantes do Brasil, a do rio Doce, em Minas Gerais e Espírito Santo, sofre os impactos causados pela degradação ambiental e sua vazão pode se tornar insuficiente para atender à atividade econômica da região. A elétrica mineira Cemig e a mineradora Vale, por exemplo, já estão desligando duas hidrelétricas na região - Aimorés e Porto Estrela (que também pertence à Coteminas) - em determinados horários do dia, devido à baixa vazão do rio. "A produtividade de energia é inibida pela degradação da bacia", conta o gerente de planejamento energético da Cemig, Marcelo de Deus.
Segundo Eduardo Figueiredo, presidente do Ibio, agência que reúne os dez comitês da bacia do rio Doce, a Anglo American pode ter de rever o seu projeto de escoamento de minério por não haver água suficiente para o mineroduto, de 525 quilômetros, que transportaria o insumo para o porto do Açu, no Rio de Janeiro. A outra alternativa é o modal ferroviário, cujo custo é mais alto. Procurada, a Anglo American não se manifestou sobre o tema.
Na região de Governador Valadares, do médio rio Doce, a capacidade produtiva de gado foi reduzida da média histórica de quatro cabeças por hectare para menos de 0,5 cabeça por hectare. E no Espírito Santo, onde a situação é mais crítica, há áreas em que o volume de água demandado é de 10% a 60% superior à vazão disponível.
Com área de cerca de 83 mil quilômetros quadrados, a bacia do rio Doce, onde vivem mais de 4 milhões de pessoas, é intensa em siderurgia, agropecuária e produção de energia. A região abriga o maior polo siderúrgico da América Latina e tem capacidade de geração elétrica de 830 megawatts (MW), suficiente para atender 8,9 milhões de pessoas.
Em 2012, a Cemig pagou R$ 16 milhões pelo uso da água e pela conta de Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH), encargo do setor elétrico. No acumulado do ano, a companhia já gastou R$ 11 milhões com essas contas.
A companhia também já investiu no reflorestamento de 270 hectares de mata ciliar no reservatório da hidrelétrica de Aimorés. E também já realizou ações de conservação de 150 hectares de mata ciliar do lago da usina de Baguari, na mesma bacia.