De volta, moto com vara de manobra e trabalho isolado



De volta, moto com vara de manobra e trabalho isolado

Em 2005, o Sindieletro denunciou ao Ministério Público e a Cemig foi obrigada a cancelar o uso de motos equipadas com varas de manobras. Nessas motos, o eletricista contratado atuava em trabalho isolado, em fragrante desrespeito à NR 10 (Norma Regulamentadora nº 10) e à legislação de trânsito. Na época, o plantão do Anel Rodoviário e São Gabriel adotaram o serviço de eletricistas motociclistas. Agora, 10 anos depois e em pleno debate sobre a primarização das atividades-fim, a Cemig volta com a mesma prática já condenada.

Os eletricistas motociclistas realizam atividades do plantão, em atendimentos de urgências. Eles são, inclusive, colocados em sobreaviso, podendo ser convocados a qualquer hora do dia, ou da noite. Pela NR 10, além do trabalho isolado ser proibido, qualquer manobra no circuito tem que ser feita com equipamento adequado e nunca ocorrer sem uma análise de riscos. Outro absurdo: o trabalhador motociclista, se sofrer um acidente, não terá por perto um companheiro para prestar os primeiros socorros.

Em contato com a Assessoria de Imprensa do Detran MG, o Sindieletro foi informado que o Contran estabelece que toda alteração nos veículos deve, obrigatoriamente, passar por vistoria dos Detrans. Se aprovada a modificação, é emitido um novo Certificado de Registro do Veículo (CRV). Nenhuma alteração em veículos automotores pode ser feita se houver risco à integridade física e à vida do condutor.

No caso das motos usadas a serviço da Cemig, o tamanho da vara de manobra potencializa os riscos, pois há a real possibilidade do equipamento tocar em galhos de árvores. Se o motociclista for parado pelo agente de trânsito, estará sujeito a multa grave e seu veículo poderá ser removido.

Região de Ouro Preto

Na região de Ouro Preto, a Cemig também está praticando o trabalho isolado, com eletricistas em motos. O primeiro atendimento para o consumidor residencial é feito por um motoqueiro terceirizado; essa irregularidade foi denunciada aos representantes da mesa temática que discute a saúde e segurança, sem, até o momento, ser tomada qualquer providência da empresa.

Os eletricistas em motos vão à residência do consumidor quando há reclamação de falta de energia. O trabalhador, sozinho, verifica se é possível ele mesmo resolver. Já houve caso em que o eletricitário teve acesso ao ramal energizado, e restabeleceu o sistema, com grande risco de choque elétrico.

Números alarmantes de acidentes com motociclistas

Recentemente, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, apresentou números assustadores sobre acidentes com moto. Em 2003, o Brasil registrou 4.292 mortes de motociclistas, número 280% menor do registrado 10 anos depois, de 12.040 casos.

Queremos respostas

O Sindieletro solicitou à Gerência de Relações Sindicais (RH/RS) respostas para os seus questionamentos. Perguntamos: A RH/ST realizou estudo técnico aprovando a modificação na moto e o trabalho isolado de eletricistas com vara de manobra? Se foi realizado o estudo, pode ser fornecida uma cópia? Quem é o responsável pelo contrato que permite que eletricistas trabalhem isolados? Em caso de acidentes de trabalho, quem será responsabilizado? A Cemig comunicou ao Detran sobre a alteração nos veículos? Por que a empresa insiste em desrespeitar a NR 10?

As perguntas foram encaminhas na sexta, dia 31, mas até o fechamento desta edição não havíamos obtido respostas.

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