Os beneficiários contribuíram com a redução dos seus direitos, aumento de custos dos dependentes especiais, fechamento de postos de atendentes presenciais, entre outras contribuições. Às patrocinadoras não coube qualquer dispêndio.
Na base do sacrifício dos beneficiários, a Cemig Saúde deu passos importantes no sentido de diminuir custos, aumentar receitas e fazer superávit que lhe garantiria um período sem reajustes técnicos (percentuais acima da inflação anual) e certa estabilidade financeira. Ao contrário do que alguns dizem, essa trajetória teve respaldo em momentos dolorosos para os beneficiários, dos quais, discorreremos sobre alguns.
Em 2017, os beneficiários que possuíam entre seus dependentes a classe de dependentes especiais tiveram um aumento extraordinário na tabela de custeio. Essa alteração, que só impactou os beneficiários, aumentou o valor da tabela, processo que onerou o custo do plano para milhares de beneficiários, enquanto as patrocinadoras ficaram de fora desse impacto. Nesse período, iniciou também o processo de fechamento de postos da Cemig Saúde no interior. Tal iniciativa viria acabar com a presença de atendentes da operadora em várias cidades do interior, processo que resultou na precarização de acesso aos serviços disponibilizados, principalmente para os mais idosos. E aqueles que não conseguiram se adaptar ao processo virtual passam por dificuldades até os dias atuais para fazer um simples pedido de reembolso via portal da operadora ou aplicativo.
2019 foi o ano fatídico, de vários retrocessos e ataques aos direitos dos beneficiários. Numa ação pouco moral, conduzida pelo atual presidente da Forluz, à época presidente do Conselho Deliberativo da Cemig Saúde e o atual famigerado presidente da Cemig Saúde, que encabeça a lista de malfeitores contra os beneficiários, utilizaram de uma fragilidade momentânea e de infortúnio dos representantes dos beneficiários e, em um oportunismo nunca ocorrido antes, fizeram uma série de modificações estatutárias, alterando situações históricas como o reembolso de medicamentos, retirada do acesso a vários procedimentos antes cobertos pelo plano, entre outros prejuízos implementados contra trabalhadores ativos e aposentados.
Os efeitos de tais mudanças em nada impactaram as patrocinadoras, mas muitos beneficiários, até os dias atuais, sentem as mazelas das modificações de 2019. As medidas austeras fizeram com que a Cemig Saúde evitasse despesas, baixasse seus custos e tivesse uma ascensão importante nas suas reservas no fundo do PSI. Sob o olhar da justiça social, algo em benefício dos principais impactados por tais mudanças haveria de ser instituído, principalmente no sentido, de alguma forma, recompensar as perdas passadas, mas com responsabilidade e segurança para seus destinatários. Mas em um estado dominado pela extrema direita, qualquer ação em solidariedade aos trabalhadores não ultrapassa a linha da utopia. A classe a que imergem é a dos donos do capital, sempre ávida por mais e mais riquezas, não importando a quem sacrifique ou qual sofrimento cause.
Os milhões que assegurariam uma estabilidade econômica para a Cemig Saúde, numa manobra insensata proposta na malfadada iniciativa dos súditos de Zema nas patrocinadoras, apoiada e patrocinada pelo indigno presidente da Cemig Saúde, vão servir para dar um alívio irrelevante no caixa da Cemig, e um abatimento imperceptível para muitos, ou nenhum para grande parte dos beneficiários nas suas mensalidades. O objetivo macabro desse ato está nas consequências futuras, quando reajustes significantes acima da inflação poderão ser um impulso trágico para que muitos beneficiários sejam expurgados do plano. Lembremos: para cada grupo familiar que é expulso, a Cemig economiza 1.088,39 (valor antes da mudança).
A resistência deve ser agora; aguardar os resultados danosos das medidas atuais para reagir poderá ser um tempo tardio, de difícil reparação dos males causados pelo o que está sendo implementado.