A nova ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, virou chacota na Web e no mundo com suas falas preconceituosas e desconecta das da realidade.
Na internet sobram vídeos com a pastora manipulando o que alega ser cartilhas dos ministérios da Educação e da Saúde para dizer que professores e governos ensinam crianças a consumirem drogas pesadas como crack e cocaína e a praticar sexo.
Em outras filmagens, Damares acusa a comunidade LGBT de pedofilia e pesquisadores e governos do Brasil e até da Holanda de masturbarem bebês a partir de sete meses, ensinando essa prática a professores.
No Dia Internacional da Mulher de 2018, Damares disse, sem pudores, que “gostaria de estar em casa toda tarde, numa rede, e meu marido ralando, muito, muito, para me sustentar e me encher de joias e presentes. Esse seria o padrão ideal da sociedade”.
No Brasil de hoje, 40,5% dos lares são chefiados por mulheres sobrecarregadas e com salários abaixo dos homens que precisam de apoio do governo. O país também lidera o ranking mundial de assassinatos por homofobia e clama por ações contra a intolerância. Ao invés de agir, Damares ajuda a desgastar precocemente o governo.
Violência e discriminação
Damares também foi criticada no Supremo Tribunal Federal (STF) que julga as ações para criminalizar a homofobia no Brasil. Segundo o ministro Celso de Mello, ao afirmar que na “nova era”, representada pelo atual governo, “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”, a ministra faz o policiamento da sexuali- dade e comete “violência de gênero” de modo incompatível com a “diversidade e o pluralismo que compõem uma sociedade democrática”.
Em seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 25 de fevereiro, Damares Alves falou sobre o Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, mas não citou Marielle Franco, liderança feminina assassinada há um ano, no Rio. Questionada sobre a omissão de um nome lembrado mundialmente, a ministra respondeu: “Nós en tendemos que este não era um ambiente de prestação de contas do caso Marielle”.
As poucas palavras da ministra resumem a jorna da que espera mulheres e militantes de Direitos Humanos. Nossa semente germina, até mesmo na escuridão. Na longa noite que segue, estaremos de mãos dadas.