Nove trabalhadores rurais foram assassinadas na quinta-feira (20), em um assentamento no município de Colniza (MT), a 1.065 km de Cuiabá, próximo ao distrito de Guariba, em uma gleba denominada Taquaruçu do Norte. Todos os mortos eram homens e evangélicos e foram vitimados com golpes de facão e disparos de arma de fogo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso, o massacre feito por “encapuzados”, possivelmente pistoleiros contratados por fazendeiros envolvidos em disputas de terras na região.
O governo mato-grossense enviou policiais militares e civis de Colniza para o local, que fica a 150 km da sede do município, em local é de difícil acesso.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), conflitos fundiários são comuns na gleba onde ocorreram as mortes há mais de dez anos, com ocorrências de assassinatos e agressões. A CPT informou ainda que investigações policiais feitas nos últimos anos têm apontado que “os gerentes das fazendas na região comandavam rede de capangas para amedrontar e fazer os pequenos produtores desocuparem suas terras”.
Relatório “Conflitos no Campo Brasil 2016", lançado na segunda-feira (17/03) pela CPT, revelou que o Brasil registrou 1536 conflitos relacionados a terra, trabalho e água, em 2016, 26,2% a mais do que em 2015. Os assassinatos também aumentaram: de 50 em 2015, para 61, um acréscimo de 22%. Já os conflitos relacionados exclusivamente a terras ocupadas por indígenas, camponeses e quilombolas somam 1295 e envolvem 687 mil camponeses.
A CUT Brasil e a CUT-MT manifestaram seu repúdio e protestaram diante desse atentado, por meio de notas. Houve inicialmente a suspeita de que seriam dez pessoas mortas. Após confirmação do total de nove mortos, este texto foi atualizado.
CUT exige punição para os envolvidos no massacre de pelo menos 9 pessoas na área rural do Mato Grosso
A CUT foi surpreendida na tarde da quinta-feira (20) com a notícia de um massacre de pelo menos 9 pessoas, entre trabalhadores rurais, crianças, adolescentes e idosos(as), na Gleba Taquaruçu do Norte, localizada na área rural do município de Colniza, a mais de 1.000 quilômetros de Cuiabá/MT.
Segundo testemunhas, além das mortes confirmadas, há mais de 20 pessoas feridas e desaparecidas. E a Gleba é marcada por conflitos e violências há mais de 10 anos.
A CUT exige a apuração desse caso e que os mandantes e executores não fiquem impunes.
A violência no campo aumentou no último ano e a maioria dos casos está ligado a conflitos agrários, ligados à falta de prioridade dos governos e órgãos competentes com a não realização da reforma agrária e com a falta de regularização fundiária.
Vale lembrar que na última segunda-feira (17) completou-se 21 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás. Até quando teremos que perder mais vidas para garantirmos terra para produzirmos alimentos?
A CUT se solidariza com os familiares das vítimas, exige o fim da impunidade e garantia de terra para a agricultura familiar continue produzindo alimentos para os povos do campo e da cidade!
Carmen Foro, vice-presidenta da CUT (Central ùnica dos Trabalhadores)
CUT-MT cobra punição aos reponsáveis pelo massacre de Colniza
A direção da CUT-MT (Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso) com muita dor e indignação, manifesta seu repúdio ao MASSACRE DOS TRABALHADORES ASSENTADOS da Gleba Taquaruçu, distrito de Guariba, cerca de 150 quilômetros de Colniza, a mais de 1.200 quilômetros de Cuiabá – MT, ocorrido no dia 20 de abril.
O massacre anunciado há mais de 10 anos, lembra a tragédia de Eldorado dos Carajás que neste mês de abril completou 21 anos de impunidade. A tragédia anunciada, em Colniza interior de Mato Grosso, não é um fato isolado, os dados que Mato Grosso é um dos estados mais violento do Brasil.
Os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) colocam o estado na 1º posição no ranking do Centro-Oeste e em 6º lugar no ranking nacional. Os números fazem referência aos casos ocorridos em 2016. Como já demonstram os Cadernos de Conflito no Campo, lançado pela CPT no dia 17 de abril de 2017. Em 2007, ao menos 10 trabalhadores foram vítimas de tortura e cárcere privado e, neste mesmo ano, três agricultores foram assassinados.
Não queremos viver com a sensação de que trabalhadores podem ser assassinados, que nada acontecerá aos mandantes e que vivemos em "Terra sem Lei".
Não podemos nos calar diante de tão grande dor e crueldade. Quem luta pela terra, luta pela vida e por subsistência, a direção da CUT-MT clama por JUSTIÇA. Queremos que os responsáveis diretos e indiretos por este massacre sejam punidos e que Estado não seja conivente com a impunidade diante dos conflitos agrários.
Fonte: CUT