Com o objetivo de conscientizar e sensibilizar a sociedade sobre as desigualdades de gênero não só no mercado de trabalho, mas em espaços de poder e na sociedade em geral, a CUT dará início, nesta terça-feira (12), à Campanha Igualdade de Oportunidades na Vida, no Trabalho e no Movimento Sindical. A ação se dará ao longo de 2022 e 2023 com ampla divulgação de materiais - vídeos, textos, informativos, além de atividades como seminários para debater o assunto e traçar estratégias de luta contra desigualdade.
O lançamento ocorre a partir das 18h30, pelas redes sociais da CUT, com participações da ex-presidenta Dilma Rousseff, da Vereadora de Curitiba (PT), Ana Carolina Dartora, além da Dra. Laís Abramo, ex-diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT Brasil) e Marilane Teixeira, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
A campanha é um importante instrumento de ação para ocupar espaços como as negociações coletivas, além de espaços políticos, explica acordo a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista. “Desta forma nós estaremos em ação para inserir nossas pautas nesses espaços. Na maioria das negociações a participação das mulheres e menor que a dos homens e isso acaba interferindo no resultado. Com a mulher na mesa de negociação, nossas pautas avançam mais”, diz a dirigente.
O mercado de trabalho é uma das mais evidentes expressões da desigualdade de gênero e raça no país. Mesmo sendo maioria (52% da população brasileira) e, em geral, com maior escolaridade, elas têm menos oportunidades e não progridem nas carreiras como os homens. Além disso, em épocas de crise são as primeiras a serem demitidas e as últimas a serem recontratadas, com salários mais baixos.
São elas também que mais sofrem com o machismo que se personifica nas situações de assédio moral, assédio sexual e discriminação – tanto por gênero como por raça, no caso das trabalhadoras negras.
Em questões salariais, os tempos atuais acabam por acentuar a desigualdade. São tempos que incluem a degradação das condições de trabalho tanto pela crise econômica, como pela pandemia que acentuou os impactos dessa crise e, junto a esse cenário, a atuação do governo de Jair Bolsonaro (PL) que ataca diuturnamente os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
O resultado é que o valor médio pago pela hora trabalhada no terceiro trimestre de 2021 é bem diferente entre homens e mulheres. Enquanto o homem recebia, em média, R$ 15,25 (R$ 19,73 para não negro e R$ 11,67 para negro), às mulheres eram pagos, em média, R$ 13,89 (R$ 17,13 para não negra e R$ 10,83 para negra). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua trimestral (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É para mudar essa realidade que lutamos todos os dias, 24 horas por dia, sete dias por semana”, diz Juneia. Ela explica que a campanha, além de promover uma maior conscientização, vai agir diretamente nos espaços de decisões.
“Faremos um processo formativo para a participação das mulheres nas negociações coletivas e nas negociações de políticas públicas em todos os temas como a saúde, a educação, a renda”, ela afirma.
A campanha
Dividida em três eixos, a campanha que se inicia nesta terça-feira, abordará a igualdade na vida, estimulando e exigindo políticas públicas voltadas às mulheres; igualdade no trabalho, lutando contra a discriminação no mercado de trabalho o que se reflete em além de combater a exclusão das mulheres, na equiparação salarial; e igualdade no movimento sindical, para garantir espaços de participação das mulheres na representação da classe trabalhadora.
“O combate à discriminação no mundo do trabalho começa com a incorporação da perspectiva de gênero nas políticas dos sindicatos e na formulação e implantação de ações afirmativas, visando a igualdade de gênero. Por isso, garantir a presença das mulheres nas mesas de negociação”, diz Juneia Batista.
Lançamento
O lançamento da campanha está programado para as 18h30 desta terça-feira (12). A atividade será hibrida, com dirigentes nacionais da CUT participando do lançamento de forma presencial e virtual e com transmissão pelas redes sociais da CUT e parceiras.
Fonte: CUT Brasil