Em 28 de agosto de 1983 nascia a CUT (Central Única dos Trabalhadores), dentro de uma conjuntura brasileira de extrema recessão econômica, recorde de desemprego, arrocho salarial e inflação altíssima; vivíamos ainda no período de regime Militar, sem democracia e repressão contra todos que ousassem ir contra o sistema opressivo.
Como resposta e resistência a esse cenário tão desolador, milhares de entidades representativas de trabalhadores e trabalhadoras, do campo e das cidades, decidiram fundar a CUT.
Para a fundação, foi realizado o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), no período de 26 e 28 de agosto de 1983, em São Bernardo do Campo. Presentes estavam trabalhadores e trabalhadoras de todas as regiões do Brasil, representando 912 entidades sindicais, 335 urbanas, 310 rurais, e, ainda, 134 associações pré-sindicais, 99 associações de funcionários públicos, 5 federações e 8 entidades nacionais e confederações. No último dia do 1º Conclat, eles bateram o martelo para a criação da CUT, que passou a ser a primeira Central nacional intersindical e intercategorias do Brasil. Isso, em plena ditadura militar.
A Central atuou, inclusive, na ilegalidade por algum tempo, pois os ditadores não permitiam a liberdade e autonomia sindicais.
Atualmente, a CUT é a maior Central Sindical da América Latina, com a representação de mais de 35% dos trabalhadores sindicalizados do Brasil. Além disso, é a quinta maior Central do mundo.
A Central Única dos Trabalhadores nasceu com diversas reivindicações em defesa da classe trabalhadora e da sociedade brasileira. Em um manifesto divulgado para a classe trabalhadora e a sociedade, na época, a entidade cobrou: o fim da Lei de Segurança Nacional e do Regime Militar, combate à política econômica do governo, contra o desemprego, pela reforma agrária, reajustes trimestrais dos salários e liberdade e autonomia sindical.
O primeiro presidente da CUT foi Jair Meneguelli; na época, ele presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. O ex-presidente Lula, também metalúrgico e, na ocasião, dirigente sindical, foi outra liderança que ajudou a criar a CUT.
LUTAS HISTÓRICAS
Desde então, a CUT vem liderando lutas importantíssimas para o Brasil e para a classe trabalhadora, como a de 1984, pelas DIRETAS JÁ! A CUT esteve e continua resente em todas as lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores, direitos humanos, direitos dos negros, mulheres, indígenas e LGBT; é radicalmente contra a privatização e defende veementemente a DEMOCRACIA.
Nestes tempos de Covid-19 e do governo Bolsonaro, a Central tem ainda mais desafios pela frente, exercendo um papel fundamental na defesa da classe trabalhadora. Bolsonaro é um presidente autoritário e que exerce ataques ferozes contra as conquistas históricas da classe trabalhadora. É agressivo também na política de privatizações e nas tentativas de destruir com a organização dos trabalhadores, além de já ter demonstrado que não gosta das minorias.
PRESIDENTE DA CUT MINAS: GREVES HISTÓRICAS E DEFESA IRRESTRITA DA DEMOCRACIA
Jairo Nogueira Filho é eletricitário, já foi coordenador-geral do Sindieletro e hoje é presidente da CUT Minas. Ele comemora o aniversário da CUT e avalia: “A CUT, nos seus 37 anos, vive um momento muito difícil no Brasil; um momento parecido quando fundamos a Central, com ditadura militar e sem perspectivas para a classe trabalhadora, de negociação de acordos coletivos e liberdade sindical e política. A CUT nasceu pregando a democracia, os direitos dos trabalhadores e das minorias”
Ele destaca também que a Central coordenou greves históricas em plena ditadura, mesmo vivendo na ilegalidade, pois o governo militar não aceitava a Central. Realizou lutas históricas e acumulou, ao longo do tempo, inúmeras conquistas.
Segundo Jairo, o Sindieletro foi um dos sindicatos que vieram se juntar à Central Única dos Trabalhadores, no final dos anos 80. “Hoje, brigamos para manter a democracia e para não perder nenhum direito, da mesma forma que naquela época. Estamos lutando com o povo, pois a CUT faz parte da história do povo brasileiro. É a maior Central da América Latina”, afirma.
Jairo ainda ressalta que está na CUT Minas na luta para manter e ampliar os direitos dos trabalhadores, e combater “o governo fascista de Jair Bolsonaro e o governo autoritário de Romeu Zema.” E concluí: “Viva a CUT, viva a classe trabalhadora!”.
SINDIELETRO SE FILIOU À CUT EM 1989
O Sindieletro, mais que ser filiado à CUT, adota todos os princípios orientações da Central Única dos Trabalhadores nas lutas em defesa dos direitos e interesses dos eletricitários e também de toda a classe trabalhadora.
O Sindieletro se filiou à CUT em janeiro de 1989. A decisão de filiação foi baseada em inúmeros e intensos debates com a categoria eletricitária. Com o Sindieletro Cutista, sua direção sindical passou a garantir um Sindicato mais aguerrido e combativo. A gestão cutista no Sindieletro implantou a prática democrática de sempre dialogar com os trabalhadores, garantindo que a própria categoria reassumisse o protagonismo de sua história no movimento sindical.