Petroleiras e dos petroleiros, em greve nacional há 11 dias, recebem a cada dia mais manifestações de solidariedade ao movimento de outras categorias, dos setores público e privado, do campo e da cidade, e dos movimentos sociais e populares.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho, que se posicionou ao lado de petroleiras e petroleiros e demais profissionais que aprovaram paralisação das atividades, reafirmou o apoio ao movimento tanto da Central quanto de toda a base CUTista em mobilização realizada na segunda-feira (10), na portaria na Refinaria Gabriel Passos, em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os atos vêm acontecendo diariamente, por volta das 7 horas, desde a deflagração da greve nacional por tempo indeterminado, na noite do dia 31 de janeiro.
“No 10º dia de greve temos conseguido algumas vitórias neste período. Estamos também com algumas categorias em greve. Em nível nacional, o pessoal do processamento dados, a Dataprev em greve, e servidoras e servidores da Casa da Moeda também estão em greve. No dia 12, os companheiros dos Correios paralisam as atividades. Aqui em Minas Gerais tem uma categoria muito importante entrando em greve amanhã (dia 11, terça-feira), a educação. Para nós e os petroleiros, é muito importante ter a educação como apoio das greves que estão acontecendo em todo o Brasil”, disse o presidente da CUT/MG.
Para Jairo Nogueira Filho, os movimentos têm sido vitoriosos, principalmente no diálogo com a população. “A panfletagem que fizemos na sexta-feira (7) foi muito boa. Deu um diálogo legal com a população. Quem foi lá viu isso. A população pegando o material. As pessoas parando para conversar sobre o que estava acontecendo. A população em massa não sabia da greve. E a questão do botijão de gás a R$ 40 furou a bolha porque saiu na grande imprensa. Mesmo que a mídia tente esconder que aquela atividade estava relacionada à greve de petroleiras e petroleiros, deu uma repercussão aquela questão do gás. E aí onde temos que entrar com mais força. Se a gente conseguir discutir com mais força com a população de que se vender a Petrobras, se privatizar vai piorar para a população brasileira. A única chance de melhorar é a Petrobras continuar pública para fazer a política social, com a questão do gás e da gasolina conseguiremos dialogar diretamente com a população, furar esta bola e trazer o povo para o nosso lado, para o apoio à greve.”
O presidente da CUT/MG afirmou que o movimento e a resistência estão se fortalecendo em Minas Gerais. “A greve está crescendo no Estado e em todo o Brasil. Os números são altos, com adesão em massa. Isto está deixando o governo desesperado, a Justiça está agoniada, tentando impor multas, decisões que façam trabalhadoras e trabalhadores voltar. E nós dizemos: não vamos voltar. Vamos resistir, porque é a defesa da Petrobras, do nosso emprego e da população brasileira. Se conseguir quebrar isso, para fora neste momento, a gente consegue dar um salto na nossa greve. Quando eu falo que a educação entra em greve, neste processo em defesa da educação em Minas e em defesa dos salários, que estão atrasados, educadoras e educadores abraçaram a greve de petroleiras e petroleiros.” Jairo Nogueira Filho afirmou, ainda, que as categorias em greve e apoiadores vão organizar atividades conjuntas.
A greve dos petroleiros atinge toda a sociedade, já que, além dos empregos ameaçados, também estão em jogo as riquezas do povo brasileiro. Para se ter uma ideia, somente a Refinaria Gabriel Passos, em Betim - uma das unidades que está na lista de privatizações -, gera para o município cerca de R$ 400 milhões em impostos arrecadados. A categoria protesta contra a demissão em massa e sem negociação de mil trabalhadores, efetivos e terceirizados, da Araucária Nitrogenados/ Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (ANSA/Fafen-PR), e alerta sobre os prejuízos causados pela privatização do Sistema Petrobrás.
Gás de cozinha a preço Justo
Famílias da Ocupação Pátria Livre, no bairro Santo André, em Belo Horizonte, foram beneficiadas pela ação “Gás a preço justo”. Ao todo, foram oferecidos à população 200 botijões de gás de cozinha ao preço de R$ 40. Atualmente, o valor do botijão de gás pode chegar a R$ 95 na capital.
A atividade foi subsidiada pelo Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG) com o objetivo de mostrar que é possível vender o produto a um preço acessível, ao contrário do que é praticado pelo Governo Bolsonaro.
De acordo com o diretor do Sindipetro/MG Alexandre Finamori, o valor cobrado pelos combustíveis, dentre eles o gás de cozinha, é abusivo. Ele explica que isso se deve ao fato dos preços acompanharem o dólar, obedecendo a interesses estrangeiros e prejudicando a população brasileira.
“A alta dos preços faz parte do processo de venda da Petrobrás, que inclui a Refinaria Gabriel Passos, em Betim. Nós, que trabalhamos na empresa e conhecemos a produção, não concordamos com o isso. Defendemos uma Petrobrás pública, que o Governo Federal olhe para o povo e barre o aumento dos preços”, afirmou o diretor.
Além dos petroleiros em greve, participaram da ação o Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), apoiadores do movimento grevista.
Greve
A iniciativa fez parte das ações da greve dos petroleiros que já atinge 88 unidades em 13 estados brasileiros. Em Minas, o movimento teve início em 31 de janeiro e conta com 90% de adesão dos setores operacionais da Termelétrica de Ibirité (UTE-Ibirité) e Refinaria Gabriel Passos (Regap).
Auditores fiscalizam Regap
Após denúncia feita pelo Sindipetro/MG ao Ministério Público do Trabalho (MPT), a Delegacia Regional do Trabalho realizou, na sexta-feira (7), força tarefa para verificar a situação dos trabalhadores que estão dentro da Refinaria desde o dia 31 de janeiro, início da greve.
No local, os auditores fiscais do trabalho constataram diversas irregularidades relativas a jornadas extenuantes. Os autos de infração devem ser entregues à gestão da empresa na próxima semana, e o resultado da auditoria encaminhado ao MPT para as providências cabíveis.
Fonte: CUT Minas