Em entrevista ao programa Revista Brasil TVT no domingo (17), a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) tratou das expectativas sobre o desfecho da CPI da Covid. “É hora de unir os pontos”, afirmou. O relatório final da comissão deve ser apresentado na próxima quarta-feira (20). Nele, o presidente Jair Bolsonaro deve ser indiciado por ao menos 11 crimes cometidos durante a pandemia.
“Há vários e vários crimes, que passam por crimes de responsabilidade, crime contra a humanidade e crimes comuns, como aqueles cometidos contra a saúde pública”, disse a senadora às apresentadoras Talita Galli e Maria Teresa Cruz.
Nesse último caso, ela destaca que o presidente infringiu as principais normas sanitárias do país. Além de estimular a utilização do chamado “kit covid“, com remédios ineficazes contra a doença, promoveu aglomerações e foi contrário o uso de máscaras. “Propagar a doença foi, na verdade, o que ele se propôs a fazer”, ressaltou.
Do negacionismo à corrupção
Ao fazer um balanço, Eliziane destacou que o objetivo inicial da comissão era investigar o negacionismo que guiou as ações do governo durante a pandemia. Daí derivou, por exemplo, a atitude negligente que impediu a compra antecipada de vacinas. “Além disso, esbarramos num grande esquema de corrupção, com superfaturamento na compra de vacinas e compra de vacinas inexistentes”, afirmou a senadora.
O “ponto de virada”, segundo ela, foram os depoimentos do deputado Luís Miranda (DEM-DF) e do seu irmão, que revelaram irregularidades nas negociações da vacina indiana Covaxin. Também informaram que o caso foi levado a Bolsonaro, que não tomou nenhuma providência. “A partir daquele momento, foi necessária a prorrogação da comissão.”
Posteriormente, a CPI revelou que a Prevent Senior, em vez de assegurar leitos de UTI aos pacientes com covid-19, também apostou no “kit covid”, se alinhando a Bolsonaro. A operadora de saúde, segundo ela, serviu como “retaguarda” para “substanciar” a abordagem negacionista do governo.
Mulheres na CPI da Covid
Além disso, outro legado da CPI diz respeito à igualdade de gênero. As senadoras devem apresentar um Projeto de Resolução para garantir a participação feminina em futuras comissões. Inicialmente excluídas, pois não foram indicadas pelos partidos para integrar os trabalhos de investigação sobre a CPI, as parlamentares acabaram abrindo espaço e se destacando. Ainda assim, tiveram que enfrentar o machismo de depoentes e de parlamentares da base do governo.
“É uma luta cotidiana. Nenhuma mulher chega no Senado de qualquer jeito, mas depois de superar milhares de barreiras. E não é nenhum grito que vai nos fazer parar”, ressaltou Eliziane.
Fonte: Rede Brasil Atual, foto: Pedro França / Ag. Senado