Unificando o histórico Grito dos Excluídos à jornada de lutas pelo impeachment de Bolsonaro, organizada por todo país desde maio, o 7 de setembro em Minas Gerais foi marcado pela criatividade e coragem. Além dos já tradicionais atos em marcha, a queima de fantoches e o julgamento dos crimes cometidos pelo governo foram algumas das intervenções realizadas.
Em Governador Valadares, no Rio Doce, os manifestantes fixaram cartazes com desenhos de cruzes simbolizando as vidas perdidas por causa da pandemia do coronavírus. As vítimas do vírus e da negligência do governo também foram rememoradas nos atos de Uberaba, Itabira e Muriaé.
Já na capital mineira, o protesto foi marcado por atos simbólicos como a queima de um fantoche de Jair Bolsonaro. Além do bandeirão com a frase: Fora Bolsonaro, outra simbologia marcante foi o cordão humano, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/ MST, para proteger os manifestantes. Na cidade, as manifestações pró e contra Bolsonaro chegaram a ser marcadas para o mesmo local (Praça da Liberdade). Por questão de segurança, a Frente Brasil Popular MG remanejou o ato para a Praça Afonso Arinos, ponto histórico de luta e resistência da esquerda belo-horizontina.
“Nós não temos medo dessas ameaças golpistas e bolsonaristas. Nós temos medo de um país sem direitos e com fome. Não recuaremos um passo.” afirmou Silvio Netto, da direção nacional do MST.
Mais feijão, menos fuzil
Na véspera do Grito dos Excluídos, a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais distribuiu 15 mil reais em doações de feijão, para reafirmar que o que o povo brasileiro precisa é comida, direitos e dignidade. O valor doado equivale ao preço de um fuzil 762.
A solidariedade também foi a palavra chave para o ato em Itaúna, no Centro Oeste de Minas Gerais. Durante a manifestação foram distribuídos lanches para as crianças. A ação vai de encontro à conclamação feita por Dom Walmor de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte. “O Brasil está sendo contaminado por um sentimento de raiva e intolerância. Muitos em nomes de ideologias dedicam-se a agressões, chegando ao absurdo de defender o armamento da população. Quem se diz cristão deve ser agente da paz.” declarou o religioso.
Justiça do povo
Em São João del-Rei, na região central do estado. O Grito dos Excluídos foi marcado pelo julgamento de Jair Bolsonaro e seus aliados. Além do presidente, os manifestantes também cobraram de Paulo Guedes, Artur Lira e Ricardo Salles, a responsabilidade sobre as mazelas enfrentadas hoje pelos brasileiros.
Ao lado dos profetas de Aleijadinho, os manifestantes de Congonhas, também na região central, denunciaram com uma faixa gigante o facismo em curso no Brasil. Na cidade, que diariamente sofre com conflitos minerários, o Grito também foi por soberania popular.
Fora Zema
Muita gente não sabe, mas o Grito dos Excluídos nasceu em Montes Claros. Como não poderia ser diferente, no norte os mineiros reafirmaram o compromisso em denunciar as injustiças. “Estamos aqui para gritar por dignidade e reafirmar o pacto que nós fizemos há 28 anos atrás. E vamos seguir denunciando os retrocessos do governo federal e estadual” declarou a deputada estadual Leninha (PT), moradora da cidade.
Atualmente o município também luta contra a venda da Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, ameaçada de privatização pelo governo de Bolsonaro. Caso seja vendida, Montes Claros perderá cerca de 9 mil postos de trabalho. “A energia agora vai ser para os ricos, a comida não está sendo possível colocar em todas as mesas e é por isso que seguimos em resistência, para dizer não à esse projeto!” completa a parlamentar.
Fonte: Brasil de Fato