O coordenador do Sindieletro, Emerson Andrada Leite, vai comparecer nesta quinta-feira, 30/9, a partir das 14h, à CPI da Cemig, como convidado, para esclarecer sobre fatos já investigados, ou em fase de investigação, que têm relação com ações da direção da estatal contra trabalhadores que, de alguma forma, vem sofrendo pressão e assédio da direção da empresa, claramente interessada em preparar o terreno para a privatização.
Alguns fatos já são conhecidos dos deputados, como a suspeita de espionagem e invasão de computadores externos e de funcionários, a partir da contratação da empresa Kroll, especializada em investigação forense. Um agente dessa empresa teria invadido computadores de funcionários para produzir relatórios contendo informações sobre eles.
Emerson Leite também será ouvido sobre denúncias de substituição de diretores de carreira da Cemig por pessoas filiadas ao partido Novo, do governador Romeu Zema, configurando aparelhamento da empresa, a começar pela direção. Na reunião da CPI, da última segunda-feira, o sócio da Exec Consultoria de Recursos Humanos, Carlos Eduardo Altona, prestou depoimento. A Exec foi responsável pela escolha do atual presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, além de diretores e membros do Conselho de Administração. Altona disse aos deputados que compõem a CPI que é filiado ao Partido Novo, e membro do diretório estadual da legenda.
Também engrossa a lista de denúncias que serão confirmadas pelo coordenador do Sindieletro, a pressão a funcionários para aprovarem contratos suspeitos da Cemig com empresas e escritórios, burlar processos licitatórios e contratação fora das normas da estatal, incorrendo, inclusive, em assédio moral. Um desses contratos seria com a multinacional de tecnologia, IBMm , no valor de R$ 1,1 bilhão, que subcontratou a empresa AeC, que havia sido preterida em processo de licitação anterior da Cemig, em que a empresa Audac venceu o certame.
Emerson também deverá falar sobre as ameaças de retaliações sofridas por funcionários, em caso de vazamento de informações, inclusive à CPI, e de constrangimento de concursados, por meio de discursos de dirigentes da empresa de que a contratação de profissionais do mercado teria trazido organização e eficiência para a companhia, desmerecendo os que fizeram concurso público. Norma interna do Conselho de Administração da Cemig, de 2020, passou a permitir a ocupação de até 40% das posições gerenciais por não concursados – estratégia que pode ter sido usada para colocar em postos-chave pessoas com relação identitária com a companhia, o que pode configurara aparelhamento na empresa.