O Sindieletro lançou na tarde desta terça-feira, 1° de julho, a campanha contra a privatização das estatais mineiras. Durante uma entrevista coletiva realizada na sala da imprensa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, dirigentes da entidade apresentaram os riscos presentes na Proposta de Emenda à Constituição (PEC 68), que libera a privatização das empresas subsidiárias que não são controladas diretamente pelo governo e mostraram que não é somente a Gasmig, uma subsidiária da Cemig, que está ameaçada.
O coordenador geral do Sindieletro, Jairo Nogueira Filho, alertou os jornalistas que os mineiros correm sério risco de ver o seu patrimônio público dilapidado se a PEC for aprovada, uma vez que a proposta abre caminho para a privatização, que deve começar pela Gasmig, com a integralização de ações da Gasmig com a empresa espanhola Fenosa, a pretexto da construção de um gasoduto até o Triângulo Mineiro, e pode se estender a outros ramos das estatais.
O grupo Cemig é formado por três empresas, a Cemig holding, Cemig Distribuição e Cemig Geração e Transmissão. No entanto, somente a Cemig holding é controlada diretamente pelo governo do Estado. Nesse caso, a Cemig Distribuição e a Cemig Geração e Transmissão estarão liberadas para privatização. Vale lembrar que a holding controla mais de 100 empresas.
Para Jairo, é muito prejuízo deixar o potencial de negócios tão grande quanto o que a Gasmig opera ser entregue ao capital privado e ainda colocar em risco o futuro de outras estatais. "Se a mudança na Gasmig é favorável à população, por que não consultar a população?", questiona Jairo Nogueira Filho. Na coletiva, ele também ressaltou que há dúvidas se a Pec coloca em risco a Copasa. Por tudo isso, o coordenador geral do Sindieletro anuncia um plano de mobilização da população, de lideranças políticas e até de candidatos ao governo do Estado para que a Pec seja retirada de votação até que seja realizado amplo debate com trabalhadores e a sociedade.
Para o diretor do Sindieletro, Arcângelo Queiroz, é preciso investigar qual a intenção dos deputados que assinam a PEC para alterar a Constituição Mineira e subtrair da população a palavra final sobre qualquer projeto de privatização de estatais. O diretor do Sindicato, Carlos Alberto de Almeida (Gonzaguinha) também acha suspeita a forma como as mudanças estão sendo tratadas. "Por que essa pressa toda em mudar a lei sobre privatização?". Para o deputado estadual Rogério Correia, os parlamentares podem estar aproveitando o período da Copa do Mundo, quando toda a atenção da população está voltada para os jogos, para fazer uma negociação desta gravidade, sem grandes dificuldades. Mas o Sindieletro já analisa juridicamente as medidas que podem ser tomadas contra a PEC.