“Continuamos atrasados na defesa da mulher com todos os seus direitos”



“Continuamos atrasados na defesa da mulher com todos os seus direitos”

Em junho de 1977, 20 mães saíram de La Plata, na província de Buenos Aires, em um micro-ônibus no qual viajaram até Porto Alegre, no Brasil, em um trajeto de mais de 30 horas, com um único objetivo: denunciar ao papa João Paulo II o assassinato, a tortura e o desaparecimento de seus filhos, e os crimes cometidos naquele início do período de ditadura militar na Argentina.

As mulheres ficaram conhecidas como Mães da Praça de Maio por causa do território onde se manifestavam: em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, em Buenos Aires. Com o final da ditadura, em 1983, elas enfrentaram diversas batalhas e foram essenciais na conquista de reparações.

Entre 2006 e 2018, 3.010 militares foram acusados por crimes contra a humanidade cometidos durante os sete anos de terrorismo do Estado. Desses, 862 foram condenados, 530 faleceram e 715 ainda estão sendo julgados, segundo dados da Procuradoria do país.

Nora Cortiñas, integrante-fundadora do Movimento Mães da Praça de Maio, conta parte dessa história no programa Caminhos para o Mundo, que estreou nesta terça-feira (8). Há mais de 40 anos, Cortiñas busca encontrar o filho Gustavo, desaparecido da ditadura argentina, além de lutar contra injustiças sociais atuais em seu país.

“Faltam políticas para acabar com a fome na Argentina e para que realmente as pessoas vivam felizes com todos os seus direitos defendidos. O direito à moradia, o direito a um salário digno, o direito dos jovens de poder se educar e seguir adiante na vida – ainda falta essa caminhada na defesa da justiça social”, afirma a ativista.

Luta das mulheres argentinas

Ainda na mesma edição do Caminhos para o Mundo, Nora Cortiñas fala sobre a luta por direitos das mulheres argentinas. Mesmo com avanços, como a Lei do Aborto, aprovada em janeiro de 2021, ainda existem atrasos, num contexto que dialoga com todo o continente latino-americano.

“Na Argentina, continuamos atrasados na defesa da mulher com todos os seus direitos. A mulher ainda é maltratada e cometem-se feminicídios que nos aterrorizam a cada dia. No trabalho, a mulher ganha menos que o homem, e é mais difícil para as mulheres exercer a política. A mulher tem que conciliar a atividade doméstica com a atividade política se tiver que atuar em um partido”, considera.

Onde assistir ao programa

O Caminhos para o Mundo tem duração de 30 minutos e vai ao ar quinzenalmente, às terças-feiras, sempre às 20h, nos canais do Brasil de Fato e da TVT no YouTube. ASSISTA AO PRIMEIRO PROGRAMA, COM CORTIÑAS, CLIQUE AQUI 

Na TV aberta, o programa é exibido na TVT, canal 44.1 - sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Fonte: Brasil de Fato (SP)

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