O recém eleito presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), promete ser alvo de muitas críticas e protestos populares ao longo do seu mandato, pelo seu perfil político, consolidado pelas propostas que faz ao Congresso, grande parte delas verdadeiros atrasos para o país e ataques contra os movimentos sociais.
Eduardo Cunha, 56 anos, é radialista e economista. Apareceu no mundo político com o padrinho e tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, PC Farias, em 1989. Cunha cuidou das finanças do comitê carioca do então candidato Collor.
Após as eleições de 1989, Cunha foi nomeado presidente da antiga Telerj, mas logo foi exonerado devido a escândalo de corrupção na estatal. Ele é também alinhado ao ex-governador Anthony Garotinho. Em 1999 tornou-se presidente da Companhia Estadual de Habitação, porém, ficou no cargo por apenas seis meses, pois acabou afastado em meio a outro escândalo de corrupção.
De suplente, virou deputado estadual pelo Rio, em 2001. Em 2002 sua carreira foi se deslanchando, com a eleição para deputado federal.
Projetos polêmicos
Eduardo Cunha já agiu para colocar projetos de sua autoria em discussão na Câmara, entre eles, o que cria o Dia do Orgulho Heterossexual – ou ‘a criminalização da heterofobia’. Ele já disse que se sente “descriminado” pelos LGBTs.
O peemedebista já afirmou que é contra a regulação econômica dos meios de comunicação e iniciou o processo de discussão na Câmara da reforma política, sem mudar o financiamento empresarial das campanhas eleitorais.
Tampouco sem considerar o plebiscito por uma Constituinte pela reforma política, que recebeu mais de sete milhões de assinaturas a favor das mudanças nas regras políticas do Brasil. Vale lembrar que ele foi opositor ferrenho ao Marco Civil da Internet, a lei que regula o uso da Internet no Brasil. O Marco Civil prevê os princípios, garantias, direitos e deveres para quem usa a rede, bem como determina as diretrizes para a atuação do Estado.
Nas eleições de 2014, conforme declarou à Justiça Eleitoral, Cunha recebeu R$ 6,8 milhões em doações para a sua campanha, vindas de empresas como a Vale, AmBev, Bradesco, Santander, Safra e Shopping Iguatemi.
Investigações
O deputado é também réu em vários processos judiciais, por improbidade administrativa e crimes contra a ordem financeira. As ações ainda estão tramitando, sem julgamento.
Sobre as articulações de Cunha na Câmara, o ex-ministro Ciro Gomes fez duras críticas ao deputado, durante a campanha para a Presidência da Casa Legislativa. “Esse cara deve ser assim, entre mil picaretas, o picareta mor.
Eu conheço esse cara desde o governo Collor. Ele operava no escândalo do PC Farias na Telerj. Depois no fundo de pensão da Cedae (empresa de saneamento) do governo Garotinho e aí vem vindo. Depois com Furnas e agora está enrolado até o gogó em tudo quanto é quanto. É o cara que banca seus colegas. Antigamente, o picareta achava a sombra, procurava ali o bastidor, ia fazendo as picaretagens escondido. Agora não. O picareta quer ser o presidente da Câmara”, afirmou Ciro Gomes.