No dia 25 de julho comemora-se o Dia Internacional da Mulher Negra, Latina e Caribenha. No Brasil, a data também presta uma homenagem a Tereza de Benguela, uma liderança quilombola que é exemplo de força e de organização para milhares de mulheres que sobrevivem à dura realidade e às sequelas da colonização.
O resultado dos 400 anos de colonialismo e de escravização ainda perpetua na vida das mulheres negras, que compõem o grupo mais vulnerável da sociedade. Segundo o levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), “A inserção da população negra e o mercado de trabalho”, de 2021, o desemprego entre as mulheres negras é o dobro do que entre os homens brancos. Elas ainda possuem os piores salários e os trabalhos mais precários.
Conheça a história da data
As mulheres negras, latino-americanas e caribenhas partilham de realidades similares. E a partir dessas semelhanças, foi organizado o primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em 1992.
O evento possibilitou a aproximação de mulheres negras de diversos países para a discussão de temas e de estratégias de luta em proporções transnacionais. Assim, o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha foi instituído durante o encontro e reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) no mesmo ano.
Em 2014, durante o mandato da presidenta Dilma Rousseff, foi instituída a Lei 12.987, que definiu na mesma data o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, uma data em homenagem à memória da Rainha Tereza.
Quem foi Tereza de Benguela?
Tereza de Benguela, conhecida atualmente como “Rainha Tereza”, foi uma mulher escravizada que conseguiu se libertar, no Vale do Guaporé, atual estado do Mato Grosso.
Tereza foi líder do Quilombo do Quariterê, onde comandou a maior comunidade de libertação de negros e de indígenas da capitania. Ela coordenou a estrutura administrativa, econômica e política da comunidade, garantiu e lutou pela vida de aproximadamente 100 pessoas, por 20 anos.
Segundo o documento Anal de Vila Bela, de 1770, a estrutura do quilombo era similar a um parlamento, em que havia “conselhos” para a tomada de decisões. O sustento dos quilombolas advinha da agricultura e a comunidade também produzia algodão para a confecção de tecidos.
Em 1770, existem relatos de que a Rainha Tereza foi presa e morta pelos colonizadores Bandeirantes, outros dizem que ela se suicidou após ser presa.
O Dia Nacional de Tereza de Benguela serve de inspiração e homenagem para mulheres pretas, latinas e caribenhas, além de motivação para debater e atuar na defesa de políticas públicas que garantam direitos para as mulheres.
O seminário acontece nesta segunda (25) no auditório da Associação Profissionalizante do Menor (Assprom), na Rua dos Guajajaras, 43, Centro, às 19h. O evento é gratuito e é necessário retirar ingresso.
Julho das Pretas
Roda de conversa “Café & Prosa: Quesito Raça Cor”, no hall da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (Smasac), na Avenida Afonso Pena, 342, Centro. O evento acontece nesta segunda (25), até às 18h. O evento é gratuito e não é necessário retirar ingresso.
Mostra Negras Autoras
A Mostra Negras Autoras apresentará a sua terceira edição nos dias 30 e 31 de julho, na Funarte. O endereço é Rua Januária, 68, Centro.
A mostra foi criada pelo Coletivo Negras Autoras, grupo formado por mulheres negras e multiartistas. A programação conta com exposições, contação de histórias, exibição de documentários, shows, dentre outras atividades. O evento é gratuito, sem necessidade de retirar ingresso.
Fonte: Brasil de Fato MG