Cerca de 960 mil trabalhadores estiveram envolvidos em conflitos no campo no ano de 2018, segundo o novo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado na sexta-feira 12. Os dados apontam que o ano passado bateu recorde em relação aos conflitos por água no país desde 2002, estatística que apontou mineradoras como Samarco e Hydro Alunorte entre as principais motivadoras das denúncias. Além da água, a disputa por terra e o aumento de casos por trabalho escravo também compõem o cenário.
O aumento da violência não foi homogêneo no país – a região Norte dobrou os embates em relação a 2017. Para os conflitos por terra, os anos da “ruptura política”, que vão de 2015 a 2018, sustentam em um nível alto estatísticas observadas – com uma média anual de 127 mil famílias envolvidas. Os indicadores desse período só são menores do que os do começo dos anos 2000, tempo no qual o país possuía mais de 200 mil famílias atreladas a confrontos agrários.
Em relação à água, o crescimento de 40% dos conflitos, segundo o relatório, têm três pontos emblemáticos em sua discussão. Entre eles, quase 60 ações envolvendo a tragédia de Mariana, em Minas Gerais, e outras 55 relacionadas à luta das comunidades do Baixo São Francisco sergipano contra interesses imobiliários especulativos.
No Pará, a cidade de Barcarena foi cenário de 30 ações contra a Hydro Alunorte, mineradora acusada de despejar irregularmente rejeitos químicos nos rios e afluentes da região.
Em 2018, 86 casos de trabalho escravo foram denunciados, o que envolve 1465 pessoas. Cerca de 940 foram libertadas, resposta mais efetiva do que em 2017, apesar de ainda insuficiente em relação à região que sustenta a maior fatia do total, o Sudeste. Das quase 800 pessoas relatadas com mão de obra explorada, mais de 600 estavam localizados em Minas Gerais – e apenas 40% foram efetivamente resgatados, o que coloca o estado, novamente, em um destaque negativo em relação às políticas no campo.
Revista Carta Capital