Enquanto a Justiça discute, em ação movida pelo Ministério Público do Trabalho, os desmandos, as demissões, o assédio moral e a reivindicação de transferência dos trabalhadores da Cemig S para a Cemig D, o ex-auxiliar de triagem da Cemig Serviços, Waldece Wagner Alexandre de Souza, resume com uma só palavra o sentimento de todos os trabalhadores que foram aprovados no concurso acreditando que iriam entrar para uma grande empresa: decepção. Todos foram iludidos com a promessa de oportunidade de crescimento profissional.
Casado e pai de dois filhos, Waldece recusou uma proposta de emprego no Paraná, para assumir o cargo na Cemig Serviços “Perdi uma excelente oportunidade de progredir na minha carreira, acreditei na marca Cemig e agora estou desempregado, mas ainda tenho a esperança que a Justiça do Trabalho vai reverter a situação”, acredita.
Ao assumir o cardo em 2012, foi dito a ele e a todos os trabalhadores que a Cemig Serviços iria se transformar, em pouco tempo, na maior empresa do grupo Cemig e todos iriam crescer juntos “A indignação é muita, os diretores sabiam que a empresa iria ser fechada, foi apenas uma manobra para ganhar tempo e prosseguir terceirizando tudo e demitir os trabalhadores”, observa.
Procuradora denuncia assédio moral
Representantes da Cemig confirmaram, na último dia 06, durante audiência na 29ª Vara da Justiça do Trabalho, que a Cemig Serviços será extinta e a má vontade da empresa para transferir os eletricitários da Cemig S para a Cemig D. Foram lá para propor a reabertura do Programa de Demissão Voluntário (PDV) para demitir todos os concursados da empresa.
Além de questionar as demissões, a procuradora Luciana Coutinho denunciou que a Cemig Serviços promove assédio moral coletivo com os empregados. Ela considerou ultrajante a situação dos eletricitários que estão, desde janeiro, afastados das suas funções. Eles batem o ponto todos os dias e ficam sem fazer nada.
Para Letícia, pode!
Enquanto concursados da Cemig S são demitidos, os gestores do fracassado projeto da subsidiária, Edélcio Antônio Martins e Jair Pacheco, que foram cedidos para a Cemig S, estão de volta com seus altos cargos garantidos na Cemig.
Outro exemplo: a advogada Letícia Vignoli Vilella continua recebendo tratamento de primeira na mobilidade: veio da Cemig Telecom, mas fica na assessoria jurídica da Cemig. Para a alta chefia, a mobilidade funciona e é bem vinda. Já para os trabalhadores, ‘faca na goela’.
Encaminhamentos da Justiça
O juiz da 29ª Vara da Justiça do Trabalho, João Bosco de Barcelos Coura, determinou prazo até o dia 22 de julho para que a Cemig apresente sua defesa em relação à ação do Ministério Público do Trabalho contra as demissões na Cemig Serviços. Após a defesa da empresa, será a vez do Ministério Público se manifestar. A Justiça também irá ouvir testemunhas sobre o assédio moral e decidir sobre pedido de liminar do MPT para suspender as demissões.