Comissão da ALMG constata abandono da UniverCemig pela gestão Zema e pede providências



Comissão da ALMG constata abandono da UniverCemig pela gestão Zema e pede providências

Após ter negada a sua entrada em centro de treinamento da Cemig, em Sete Lagoas (Central), quando já estava na porta, a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) decidiu entrar no local na manhã da quarta-feira (3/8/22) para cumprir visita técnica solicitada pelo deputado Betão (PT) para verificar as condições de trabalho e funcionamento da UniverCemig.

Foram várias as tratativas de acesso ao local mantidas sem êxito na portaria, até o ingresso do parlamentar e de representantes do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro) nas dependências do campus universitário, encontrado em situação precária e de funcionamento muito aquém de sua capacidade.

“Vamos fazer um relatório da comissão sobre a situação encontrada e discutir com outros deputados como atuar nessa situação e pedir esclarecimentos à Cemig”, pontuou Betão.

Ele criticou o posicionamento da empresa, que por meio de sua central em Belo Horizonte desautorizou a entrada em dois momentos, para numa última tratativa autorizar o ingresso apenas do parlamentar, sem a presença da equipe técnica da ALMG e de sindicalistas, o que foi recusado pelo parlamentar.

“Foi uma surpresa (a proibição), porque é prerrogativa do Legislativo fiscalizar qualquer órgão do Estado, por isso resolvemos entrar sem a autorização mesmo”, explicou o deputado, que ainda pela manhã, antes de igressar na escola, teve aprovado requerimento de sua autoria, desta vez na Comissão de Direitos Humanos, para convocação do presidente da Cemig, para tratar do assunto em reunião na ALMG.

“Constatamos as denúncias que recebemos. É visível o descompromisso com a universidade e o sucateamento desta que é a maior escola da América Latina”, avaliou o deputado, frisando que o processo de desmonte e abandono do centro verificado in loco atenderia a uma tentativa do governo de privatização também da escola.

Capacidade ociosa e prejuízo à formação são apontados

Um amplo campus universitário, por onde anos atrás costumavam circular num mesmo período mais de mil alunos de várias partes do Brasil e até de fora, está agora com prédios inteiros fechados, muitos dos quais com paredes externas mofadas, vidros quebrados nas janelas e equipamentos abandonados.

Também conhecida como Escolinha da Cemig, a universidade corporativa foi fundada há mais de 50 anos e segundo o Sindieletro vem sofrendo sucessivos cortes de verbas nos últimos anos, que teriam se intensificado a partir de 2019.

Com isso, o quadro de instrutores caiu de 60 para 12, com a perspectiva de que cheguem a somente oito no fim deste ano. A média de 600 alunos teria caído para em torno de 100.

A caixa d´água de grande porte apresenta infiltração na maior parte de sua extensão, com vazamento contínuo. Alojamentos que antes hospedavam os alunos estão desativados e o refeitório recentemente reformado, fechado.

Uma das oficinas, de mecânica, estava trancada, mas pela porta de correr de vidro, mesmo empoeirada, foi possível à comitiva ver mesas, cadeiras e armários empilhados em situação precária, em meio a equipamentos abandonados.

Nos espaços em uso, a comissão se deparou com apenas uma turma de alunos e percorreu dois laboratórios conservados e ainda utilizados, mas de forma aquém de sua capacidade.

Conforme os relatos à comissão, um deles guarda o que há de mais moderno em inspeção demográfica para manutenção preventiva em redes elétricas. O outro reúne miniaturas de todos os equipamentos que compõem uma subestação de energia, um acervo de custo estimado em R$ 3 milhões. É onde alunos são formados na prática a conhecer seu funcionamento, identificar problemas e fazer reparos.

SEGURANÇA PREOCUPA

Conforme relato feito à comissão por Alex da Costa, diretor do Sindieletro, por trás do abandono e do sucateamento da UniverCemig está o interesse por cursos a distância, segundo ele com prejuízos à qualidade da formação e à segurança de trabalhadores e da sociedade.

“A pretexto de modernização do ensino, o que há de fato é o sucateamento de uma estrutura de mais de 50 anos e referência para a América Latina”, denunciou ele, para quem o treinamento virtual não dá conta das necessidades do ramo.

O campus abriga, por exemplo, uma rede subterrânea de energia e de redes de transmissão voltadas para o treinamento de trabalhadores. “O aporte investido está sendo deixado de lado e trabalhadores estão entrando (para o ramo) sem o devido treinamento”, denunciou ele.

De 1.209 candidatos classificados em recente seleção aberta pela Cemig, 250 foram inicialmente convocados mas não terão a formação ideal, exemplificou o sindicalista.

Coordenador do Sindieletro, Emerson Leite ainda chamou a atenção para um galpão fechado, que estaria abandonado abrigando equipamentos de simulação de uma usina de geração de energia hidrelétrica.

Segundo ele, trata-se de um projeto abandonado e de dinheiro jogado fora, apesar de sua importância por permitir treinamento amplo, tornando o aluno apto a trabalhar com as mais diversas tecnologias disponíveis no mercado, independentemente das empresas fornecedoras dos equipamentos.

“As empresas dão treinamento somente para manuseio de seus comandos, que são diferentes. Aqui a proposta seria ninguém ficar preso a uma só tecnologia”, disse ele.

Fonte: Portal da ALMG,foto:Sarah Torres

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