São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro comemorou as vitórias de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para os comandos da Câmara e do Senado. A expectativa do empresariado é que o alinhamento desses poderes possibilite mais uma rodada de retirada de direitos trabalhistas no Congresso. Uma das medidas que deve voltar à discussão é a nova e famigerada “carteira verde e amarela“, uma forma de contrato precário que beneficia com isenções fiscais os empregadores.
“Outras violações dos direitos dos trabalhadores vão vir. E têm chance de serem aprovadas. São vários projetos, como a ampliação do trabalho intermitente, essa carteira verde e amarela do Guedes, que é um horror. Um abuso contra a classe trabalhadora”, afirmou a cientista política Roseli Coelho, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT.
Roseli afirmou, além disso, que Bolsonaro cogitou governar sem o Parlamento. Mas o apoio a Lira e Pacheco, com a liberação de cargos e R$ 3 bilhões em emendas, demonstram uma guinada. “Viu que era impossível, porque o Parlamento, de modo geral, é o universo nele mesmo. São interesses específicos.”
Da mesma forma, o deputado federal Alencar Santana (PT-SP) disse que o governo jogou “pesadíssimo” para fazer os seus candidatos. “Isso demonstra o interesse direto do presidente Bolsonaro nessa eleição, com interesses específicos de proteger ele, sua família e seus aliados milicianos. Isso interferiu sim no voto e no resultado final”.
De acordo com o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) Alexandre Conceição, o acordo fisiológico do governo com o Centrão também visa a garantir blindagem ao governo contra os crimes cometidos durante a pandemia. “O povo brasileiro sai perdendo, a democracia sai perdendo. E cabe a nós, os movimentos sociais, fazer aquilo que estamos fazendo: alertar o povo e convocar para mobilizações.”