Com a privatização da Eletrobras, Brasil compra energia mais cara e poluente



Com a privatização da Eletrobras, Brasil compra energia mais cara e poluente

O governo federal realizou na sexta-feira (30) o primeiro leilão para compra de energia gerada em usinas termelétricas imposta ao Estado pela lei que autorizou a privatização da Eletrobras. Conforme movimentos populares já haviam alertado, o leilão obrigou o governo a comprar energia mais cara que a habitual e contribuirá, portanto, com o aumento do custo da energia elétrica no país.

O leilão contratou 754 megawatts (MW) de três usinas termelétricas, todas elas localizadas na região Norte do país. A expectativa era que 2 mil MW fossem contratados –1 mil MW no Norte e outro 1 mil MW na região Nordeste. Por falta de interessados em fornecer toda essa quantidade de energia, isso não foi possível.

Por falta de concorrência também não houve disputa para redução do preço da energia contratada. As empresas vencedoras do leilão –Eneva e consórcio GPE– conseguiram vender ao governo energia pelo preço máximo estabelecido no certame: R$ 444 por megawatt-hora (MWh). A Eletrobras vende a mesma quantidade por R$ 65.

Como o custo da energia ao consumidor brasileiro leva em conta uma média ponderada de todas as geradoras, a contratação das termelétricas tende a elevar o preço final. Isso, aliás, já havia sido calculado ainda antes da privatização da Eletrobras.

“Os preços são altos mesmo, e não vão diminuir. A gente já sabia”, disse Fabíola Antezana, vice-presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), entidade que participou de movimentos de resistência contra o projeto de venda da estatal.

Segundo esses movimentos, a conta de luz deve subir até 25% por conta da privatização da Eletrobras e da contratação de termelétricas que ela prevê.

“Numa contratação das térmicas em determinados locais, já se direcionando o processo, você não tem concorrência. Então para que o vendedor vai tentar diminuir preço? Agora fica comprovado”, complementou Antezana, após o leilão.

A Coalizão Gás e Energia chegou a tentar barrar o certame na Justiça, com uma ação popular. Não conseguiu. O grupo é formado por ClimaInfo, Instituto Internacional Arayara, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) e Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Questão ambiental

Além da questão econômica, a contratação de energia produzida em usinas termelétricas também é prejudicial ao meio ambiente. Isso porque essas usinas, movidas a gás natural, são poluentes, diferentes das hidrelétricas.

Segundo a Coalizão Gás e Energia, a contratação das termelétricas aumentará a emissão de gases do efeito estufa em 74%.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) considerou que o leilão  foi exitoso. De acordo com o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, a modalidade de reserva de capacidade é adequada para a segurança do abastecimento.

Ao todo, a lei da privatização da Eletrobras prevê a contratação de 8 mil MW. Portanto, outros leilões devem ser realizados nos próximos meses.

Fonte: Brasil de Fato | Curitiba (PR)

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