Vários trabalhadores telefonaram para o Sindieletro na tarde da quarta-feira, 24, para denunciar que todos os e-mails corporativos da Cemig receberam mensagem pedindo votos para os candidatos ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, ao senado, Antônio Anastasia, e à presidência, Aécio Neves, todos do PSDB.
O Sindieletro teve acesso à mensagem divulgada para a categoria e vai denunciar a propaganda eleitoral ilegal aos órgãos competentes (Ministério Público Eleitoral e Justiça Eleitoral).
Para o Sindieletro, está claro o desespero da coligação “Todos por Minas” com as pesquisas que mostram o partido prestes a perder a eleição em Minas e Brasil, o que levou os representantes do PSDB a cometerem esse crime eleitoral. A indignação dos trabalhadores é geral. Quem de dentro da Cemig passou nosso e-mail para a campanha de Pimenta da Veiga e Aécio Neves? É o que eles querem saber.
Um eletricitário do Triângulo considerou o fato um assédio inaceitável. “Sabem que, com a troca de governo, a mudança de gestão é esperada e tentam criar um clima de terrorismo”, disse. Outro trabalhador repudiou o teor da mensagem. “Como podem elogiar a administração desastrosa da Cemig dos últimos anos e fazer terror com nosso fundo de pensão depois de forçarem a Forluz a comprar ação da usina Santo Antônio, com risco de enormes prejuízos?”.
“Outros funcionários do Estado de Minas receberam convite para reunião com Pimenta da Veiga, mas eu não esperava que chegasse até nós, da Cemig. Apelaram feio”, lembrou uma eletricitária.
Os eletricitários, melhor do que ninguém, sabem que nos últimos anos a Cemig vem obtendo lucro recorde, mas repassa tudo para os acionistas. O resultado dessa sangria é a falta de investimento na rede elétrica, altas tarifas, queda de qualidade dos serviços e muita pressão para tirar o lucro do lombo dos trabalhadores, que sofrem com demissões, assédio moral e práticas antissindicais.
O que nos deixa perplexos é que eles não têm nada a falar de concreto e de interesse para a categoria. Nada contra os acidentes fatais e mutilações, sobre a melhoria dos serviços, nada de concurso público e seleção interna, e nem para valorizar os eletricitários.
Já que eles falaram sobre cabide de emprego na Cemig, poderiam divulgar também qual é o tamanho do cabide deles no grupo Cemig. 1.000? 3.000? 5.000? Sabemos que o grupo está lotado de ex-prefeitos, ex-deputados. Colocaram o primo do Aécio na DGE e muita gente de Cláudio na empresa. Até gente do Newton Cardoso colocaram na presidência do Conselho Deliberativo da Cemig Saúde.
Sobre a vaga no Conselho de Administração da Cemig, conquista ocorrida no governo Itamar Franco, informamos que exceto o candidato tucano, os demais candidatos ao governo de Minas aceitaram a proposta do Sindieletro de eleição direta para escolha do representante dos trabalhadores no Conselho. O sócio controlador (governo de Minas) não permite mais que o representante dos eletricitários participe das principais discussões que ocorrem nos Comitês do Conselho, além de não poder participar de deliberações que envolvem o interesse dos eletricitários.
Pela lei, esse e-mail da coligação para fins de propaganda eleitoral é crime e quem revelou a lista deve ser responsabilizado. O emprego da máquina pública é proibido pela Lei Eleitoral. O Sindieletro já sabe que o e-mail panfletário veio do jpv@governarpratodos.com.br .
Leia matéria publicada nesta quinta-feira, 25 de setembro, no jornal O Tempo
Sindieletro vai processar Pimenta por envio de e-mail
O Sindicato dos Eletricitários de Minas (Sindieletro-MG) irá acionar o Ministério Público Eleitoral contra a coligação do candidato ao governo do Estado Pimenta da Veiga (PSDB). Segundo o sindicato, os e-mails institucionais dos cerca de 8.000 funcionários da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foram repassados à equipe tucana. Nesta quarta-feira, os funcionários receberam um correio eletrônico pedindo votos ao candidato.
O diretor do Sindieletro Arcângelo Queiroz disse que o envio da mensagem para os endereços institucionais é uma forma de intimidação. “Afinal, não por acaso, Pimenta da Veiga é o candidato do atual governo, que é o maior acionista da Cemig. Vamos acionar o Ministério Público”, afirmou.
Ainda de acordo com o sindicalista, muitas pessoas ligaram para a entidade ontem para reclamar do episódio. “Estão todos muito indignados”, disse.
A legislação eleitoral não permite o uso da máquina pública para beneficiar um determinado candidato, como repassar o mailing dos colaboradores para envio de propaganda política.
O texto repassado foi direcionado especialmente aos colaboradores e começa com a frase: “Estou me dirigindo diretamente a vocês para falar sobre meus planos e sentimentos em relação à Cemig”. O conteúdo cita a presidente Dilma Rousseff (PT) e a critica por ter aprovado a Medida Provisória 579, que retirou encargos das tarifas energéticas.
O material traz uma espécie de alerta. “Pensem e reflitam. Procurem saber o que está ocorrendo com empresas do Governo Federal. Não queremos isso para as empresas de Minas Gerais”.
Um outro trecho diz “Não quero iludir ninguém com falsas promessas e falácias. Quero, sim, garantir que a Cemig não será usada, em meu governo, como cabide de empregos para aventureiros e forasteiros”. O diretor do sindicato diz que o número de comissionados cresceu nos últimos anos. “Queremos que a Cemig divulgue o número de comissionados em todas as empresas", disse Arcângelo Queiroz.
O anexo endereçado traz uma carta assinada por Pimenta, com a foto do candidato ao lado de Antonio Anastasia e Aécio Neves.
A assessoria da Cemig confirmou o caso e informou que “desconhece como o e-mail do candidato a governador Pimenta da Veiga foi enviado”. A empresa informou ainda que “está apurando como ocorreu o acesso aos e-mails corporativos”.
Na resposta, a Cemig afirma que um deputado ligado a Fernando Pimentel (PT) também enviou um e-mail com cunho eleitoral aos colaboradores e que investiga os dois episódios.
A assessoria de Pimenta da Veiga não soube confirmar se o domínio do qual partiram as mensagens pertence ao comitê nem se o conteúdo do correio foi produzido pelos tucanos, alegando que a equipe de campanha é muito grande.