Clima na Gasmig é de medo



Clima na Gasmig é de medo

O clima entre os funcionários da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) é de medo. Entre cafezinhos e almoços, a conversa que circula entre os corredores é que a companhia será privatizada e todos serão demitidos. A preocupação, que já existia com o recente anúncio da entrada de um sócio espanhol, aumentou ainda mais com a apresentação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 68, que retira as travas impostas em 2001 pelo então governador Itamar Franco e abre caminho para a privatização.

Uma visita do presidente da Cemig (dona de 59,6% da Gasmig), Djalma Bastos de Morais, na última sexta-feira, espalhou ainda mais o medo entre os 187 funcionários do quadro próprio da Gasmig. “Ele prometeu que, no caso da transição, daria estabilidade de um a dois anos para os trabalhadores”, afirma o coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG), Jairo Nogueira Filho.

Segundo um funcionário, que pediu para não ter o nome identificado, os concursados estão com medo de serem mandados embora. “Juntou as informações do sócio espanhol e da PEC que vai facilitar a privatização e está todo mundo em pânico”, comentou.

A Cemig confirmou que Djalma esteve na Gasmig para uma reunião de trabalho, mas não informou o tema. “A visita, somada ao que os funcionários contaram sobre a fala do presidente da Cemig são fortes indícios do interesse de privatizar a Gasmig”, afirma Filho.

Campanha

O Sindieletro começou uma campanha contra a PEC 68, para tentar impedir a privatização da Gasmig e de outras subsidiárias da Cemig. “Vamos percorrer a Assembleia e fazer um mapa da posição de cada deputado, para ver quem é contra e quem é a favor dessa PEC. O sócio privado vai querer retorno financeiro e isso significa aumento nas tarifas de gás e energia”, alerta Filho.

Entenda

A PEC 50, de Itamar Franco, prevê que ações de empresas de economia mista, com controle direto ou indireto do Estado, só poderão ser vendidas com lei específica e aprovação de um referendo popular. A PEC 68 cria uma exceção e diz que, no caso de subsidiárias, a venda está dispensada de lei e também de referendo.

“É estranho essa PEC ser apresentada agora, em época de Copa. É uma manobra para aprovar a fusão com a espanhola Gas Natural Fenosa, para financiar investimentos como o gasoduto Betim-Uberaba”, afirma o deputado Rogério Correia, que foi relator da PEC 50, em 2001.

“Se não for aprovada essa PEC, o acordo entre a Cemig e a espanhola não pode ser validado sem a lei e sem o referendo”, afirma ele. A Cemig não quis comentar o assunto.

Fatias

Das ações da Gasmig, 59,6% são da Cemig, 40% da Petrobras e 0,4% do município de Belo Horizonte. No dia 13 de junho, a Cemig anunciou a fusão com a espanhola GNF.

Entenda as diferenças:

PEC 50 – 2001

Determina que a alienação de ações de sociedade de economia mista e de empresa pública dependem de autorização em lei específica aprovada por três quintos dos deputados e referendo

PEC 68- 2014

Determina o mesmo, mas abre ressalva para a alienação de ações de sociedades cujo objeto social seja, exclusivamente, a participação minoritária no capital social de outras companhias.

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