A Cinemateca Brasileira completou 75 anos, na última quinta-feira (29), parada, fechada ao público, sem plano emergencial e sem conclusão das investigações sobre o incêndio ocorrido em 29 de julho, em São Paulo. Foi o quarto de sua história. “O plano de trabalho emergencial a ser coordenado pela Sociedade Amigos da Cinemateca permanece parado em alguma instância burocrática do Ministério do Turismo”, diz o grupo de trabalhadores da instituição que atua no Twitter. O Turismo é o atual órgão gestor.
No dia do “aniversário”, funcionários foram vistos recolocando um logotipo clássico da Cinemateca, criado em 1954 pelo designer Alexandre Wollner. Ele morreu em 2018, e não viu a crise da instituição se aprofundar. Com atraso de salários, ´constantes ameaças à preservação do acervo e até risco de corte de luz, por falta de pagamento. Em abril, funcionários divulgaram manifesto e até apontavam “risco real” de incêndio.
Clube de Cinema
A origem da Cinemateca remonta a 1940. Aficcionados como Paulo Emílio Sales Gomes e Décio de Almeida Prado, entre outros, fundaram o Primeiro Clube de Cinema de São Paulo. O clube foi fechado no ano seguinte pela ditadura do Estado Novo. Reabriu em 1946. A data da primeira reunião do Segundo Clube tornou-se o marco de fundação. Em crise há anos, a Cinemateca preserva, ou tenta, 250 mil rolos de filmes e 1 milhão de documentos.
Na última terça (5), o governo editou decreto (10.830), publicado em edição extra do Diário Oficial da União, prorrogando até 5 de julho do ano que vem a vinculação da Cinemateca Brasileira à União. Assim, a instituição permanece sob responsabilidade do governo desde 20 de novembro do ano passado. Antes disso, a administração cabia à Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), mas o governo rompeu o contrato. A nova entidade gestora deverá ser definida apenas em dezembro.
Exatamente no dia do aniversário, a Universidade Federal de São Carlos (UFScar), por meio de seu Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som, promoveu aula magna para discutir a situação “alarmante” da Cinemateca. O convidado foi o professor Carlos Augusto Calil, ex-presidente da Embrafilme, diretor da Cinemateca e secretário municipal da Cultura em São Paulo, e atual presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC).Assista aqui.
Fonte: Rede Brasil de Fato