O cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da TV Bandeirantes, atingido por um rojão na cabeça na quinta-feira (6), teve morte cerebral, segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. O profissional foi atingido quando registrava o manifestação contra o aumento da passagem de ônibus, no Centro do Rio. Ele estava em coma induzido na CTI do Hospital Souza Aguiar depois de passar por cirurgia para diminuir a pressão craniana. Ele sofreu afundamento do crânio e perdeu parte da orelha esquerda. Ele deixa mulher, uma filha e três enteados.
Falta amor
A mulher de Santiago, Arlita Andrade, em entrevista na noite de ontem (9) à TV Globo disse que "falta amor" às pessoas responsáveis por ferir gravemente seu marido. "Eles destruíram uma família. Uma família que era unida, muito unida mesmo”, desabafou.
Santiago trabalhava havia 10 anos na Band. Fazia cobertura das manifestações desde junho de 2013, quando começaram os protestos em todo o país contra o reajuste das tarifas de ônibus. Pela cobertura do tema, ele recebeu dois prêmios jornalísticos de Mobilidade Urbana, em 2010 e 2012, ao lado do repórter Alexandre Tortoriello.
Desde 2013, ele registrou diversas manifestações no Rio e estava escalado para participar da cobertura jornalística da Copa do Mundo este ano. Participou de grandes coberturas, eventos esportivos e reportagens sobre a "guerra" contra o tráfico de drogas nos morros cariocas. No final do ano passado, participou do curso para jornalistas em áreas de conflito, ministrado pelo Exército. Ele também estava escalado para a cobertura da Copa do Mundo.
A explosão de quinta-feira foi registrada por fotógrafos, cinegrafistas e câmeras de vigilância. Após a divulgação das imagens, Fábio Raposo, de 22 anos, se apresentou na 17ª DP (São Cristovão). Ontem, ele foi detido em casa. Nesta manhã foi levado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
O advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende o manifestante, está sendo aguardado na 17ª Delegacia de Polícia, em São Cristóvão, na zona norte da cidade. Ele confirmou que apresentará, ainda hoje à polícia o nome do segundo suspeito envolvido no arremesso do explosivo. Fábio Raposo identificou o suspeito de ter acendido o rojão, de acordo com o advogado. Fábio garantiu que ele e o suspeito não são ligados ao movimento Black Bloc.
A presidenta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio, Paula Máiran, disse que toda a sociedade perde com a morte de Santiago Andrade. “É toda a sociedade que perde com a morte do Santiago. Isso representa um atentado a um pilar da democracia. Todo jornalista é um defensor dos direitos da população e dos direitos humanos. É um contrassenso um atentado a um jornalista. A sociedade tem que se unir a nós. Os movimentos de direitos humanos têm que se unir a nós neste momento, e se aliar na luta em defesa do nosso papel, que é fundamental para melhorar a nossa sociedade”, disse.
Segundo Paula, desde o início das manifestações nas ruas da cidade, em junho do ano passado, pelo menos 50 jornalistas ficaram feridos. O sindicato defende o uso de equipamentos de proteção individual e o direito de jornalista de se recusar a fazer coberturas que coloquem em risco sua integridade física. De acordo com a sindicalista, o Estado também precisa garantir a segurança das ruas.
Com informações da Agência Brasil e G1