Os eletricitários da Cet Engenharia comem o pão que o diabo amassou, mas como diz o ditado, nada é tão ruim que não pode ficar pior.
Na noite da última segunda-feira (06), os eletricitários que moram nos péssimos alojamentos da empreiteira, no bairro Riacho, em Contagem, foram surpreendidos com mais uma arbitrariedade e a costumeira brutalidade dos patrões.
Por volta das 20 horas a empresa tentou transferir todos os trabalhadores para outro alojamento, próximo ao aglomerado da Pedreira Prado Lopes, no bairro Lagoinha.
Ao recusarem a transferência, a solução encontrada pela Cet foi acionar a Polícia Militar para forçar os trabalhadores a saírem dos alojamentos. Mas a PM não pode fazer nada, pois se tratava de uma questão trabalhista e não havia nenhum bandido ou marginal entre os trabalhadores.
Sem conseguir a desocupação do imóvel, a medida adotada pela empresa foi a pior possível. Alegando ato de insubordinação e indisciplina, a Cet demitiu por justa causa de doze eletricitários.
Os trabalhadores demitidos procuraram o Sindieletro e denunciaram que o local onde a Cet que alojá-los, é ainda pior que os atuais. Sem contar que está próximo a umas das regiões mais violentas da cidade. São cerca de 70 trabalhadores que ocuparão o local, em cada quarto foram colocados quatro beliches para oito pessoas e existem apenas dois banheiros, um usado exclusivamente para banho e equipado com apenas três chuveiros.
Irregularidades levaram a uma mega operação de fiscalização
O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fecham o cerco contra a Cet Engenharia.
A mega operação de fiscalização, realizada em julho de 2013, contou com o apoio da Polícia Federal e de fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), resultou em um relatório de sete volumes. A Cemig e a Cet foram autuadas em 44 infrações, inclusive de trabalho análogo à escravidão.
A notificação do MTE, assinada pelo técnico em segurança do trabalho, Ivo Barbosa Carvalho, no dia 26 de julho, obriga a Cet a regularizar imediatamente vários itens como: instalação de sanitários fixos ou móveis próximos às frentes de trabalho; fornecimento de água fresca e potável; fornecimento de copos descartáveis; locais adequados para as refeições; fornecimento de lanche à tarde e janta em caso de extensão de jornada.
A empresa foi notificada a providenciar o treinamento de todos os trabalhadores que exerçam atividades em áreas de risco e em altura, (NR 10 e NR 35). A jornada de trabalho deve ser de oito horas diárias, com prorrogação de no máximo duas horas por dia, com intervalo de uma hora para alimentação. A empresa deve ainda, obedecer ao intervalo de 11 horas entre as jornadas e a cada seis dias, o trabalhador tem direito à folga de 24 horas.
Não à exploração!
A organização dos trabalhadores é a única forma que temos para garantirmos salários descentes, acabar com o desrespeito, o fim da exploração e das condições de trabalho degradantes, contra o lucro fácil dos patrões que não se preocupam com a saúde e segurança dos eletricitários.