Centrais realizam ato em solidariedade aos trabalhadores da Ford, nesta quinta (21)



Centrais realizam ato em solidariedade aos trabalhadores da Ford, nesta quinta (21)

Nesta quinta-feira (21), a partir das 10 horas, representantes da CUT e demais centrais sindicais (Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB), da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) e de diversos sindicatos, entre eles o dos Metalúrgicos do ABC, Taubaté e de Camaçari, farão um ato de solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras da Ford em frente às concessionárias da montadora norte-americana em diversas regiões do país.

O ato central, com a presença dos presidentes da CUT e das demais centrais, da IndustriALL-Brasil e de outras organizações apoiadoras, será na concessionária Ford da Avenida Doutor Ricardo Jafet, 1259, zona sul da capital de São Paulo .

Nas cidades de Taubaté e São José dos Campos, interior do estado, terá ato em frente à concessionária Econorte. Na Bahia, os trabalhadores e trabalhadoras da Ford farão uma assembleia em frente à empresa.

Cada entidade sindical estadual ou municipal tem autonomia para escolher a concessionária que irá fazer a mobilização, cujos locais não  foram divulgados.

O protesto também tem como objetivo denunciar os impactos negativos do fechamento das unidades de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), para os trabalhadores da Ford, à sociedade e ao país.

Segundo o Dieese, as demissões de aproximadamente 5 mil trabalhadores e trabalhadoras podem levar ao fechamento de quase 120 mil postos de trabalho, considerando a cadeia econômica. Além dos impactos econômicos na cidade, onde as empresas deixarão de funcionar, o país vai deixar de arrecadar em torno de R$ 3 bilhões, com a saída da Ford.  

Para o vice-presidente da CUT, Vagner Freitas, é um absurdo uma empresa que foi beneficiada com tanto incentivo e ganhou muito por muito tempo vai embora assim, sem se responsabilizar com os impactos que esta decisão trará. Segundo ele, a culpa desta intransigência da fábrica é do governo de Jair Bolsonaro ( ex-PSL), que está à beira do precipício, que não tem política econômica e nem um planejamento para garantir a manutenção dos empregos

“Exigimos que o governo faça seu papel de intervir nesta ação da Ford e garanta a manutenção dos empregos e dos direitos de milhares de trabalhadores. E se esse genocida não tem responsabilidade, que haja um iniciativa na Câmara Federal para que ajude nacionalizar a empresa, o maquinário e o terreno para que se pague os trabalhadores e mantenha os empregos ou então negocie uma alterativa. O que não pode é abandonar a classe trabalhadora”, disse Vagner, que confirmou presença na mobilização.

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, o Paulão, disse que a orientação da entidade é que os representantes dos sindicatos e federações filiadas participem da mobilização em solidariedade aos companheiros e companheiras da Ford.

O dirigente ressalta que todos e todas que vão participar dos atos presenciais se protejam e mantenham os cuidados contra a Covid-19, conforme orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), como uso da máscara, distanciamento social e usar o álcool em gel. Ele disse também que agora é a hora de reforçar a reivindicação do movimento sindical CUTista e construir de uma política industrial.

“Todos nós da CNM/CUT estamos solidários a esta luta e queremos demonstrar nossa indignação com a atitude da Ford. Esta empresa está destruindo empregos no meio de uma pandemia que está matando cada vez mais o nosso povo. É chegada a hora de articular conjuntamente, com todas as partes envolvidas, para que haja uma política nacional industrial decente para a classe trabalhadora”, ressaltou Paulão.

O presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, também confirmou presença e afirmou que é preciso cobrar ação das autoridades como um todo para conseguir reverter a situação.

“A gente quer chamar atenção tanto da Ford quanto dos governos federal, estadual e municipal sobre os impactos do fechamento da forte, inclusive na própria concessionária que faz parte da cadeia da Ford, assim como a área de serviço e comércio e outros setores. Precisamos dar visibilidade às atitudes da Ford e cobrar as autoridades brasileiras”, afirmou a dirigente.

E na Bahia

Os atos nas concessionárias da Ford na Bahia ainda não estão confirmados, mas já está marcada uma assembleia na porta da empresa em Camaçari. A partir das 6 horas da manhã, trabalhadores e trabalhadoras da fábrica e representantes da CUT , das centrais e dos nove sindicatos das categorias que serão impactadas com o fechamento da Ford estarão presentes.

“Estamos em diversas frentes de luta para reverter a situação de todos que serão impactados. A CUT Bahia se solidariza com os trabalhadores e trabalhadoras da Ford e de toda cadeia produtiva , mas também estamos buscando outras formas para reverter esta decisão da Ford. Que na verdade não é só da Ford,  temos nove sindicatos da Central atuando para reverter a situação. A gente tem reivindicado o direito ao emprego e dizendo não para as demissões em massa em plena pandemia. Não podemos aceitar estas demissões”, afirma a diretora executiva da CUT, Marize Souza Carvalho, que confirmou que toda direção CUTista na Bahia foi convocada para participar da assembleia.

A dirigente também contou que logo após a assembleia da Ford nesta quinta , representantes dos sindicatos e a direção da CUT Bahia se reunirão para intensificar e ampliar a mobilização, e a  luta em defesa dos empregos.

Reunião com Ford cancelada

O coordenador do Comissão Sindical de Empresa (CSE) da Ford Taubaté, Sinvaldo Cruz, que faz parte do grupo que está responsável pelos diálogos com a Ford, disse que desde o anuncio do fim da empresa no país a entidade tem conversado com a empresa, mas sem sucesso. Por isso existe a possibilidade do sindicato cancelar reunião marcada para esta quinta-feira, e o dirigente ir ao ato em Taubaté.

Segundo ele, a multinacional está irredutível e só fala em indenizações para a categoria demitida e não é isso que os trabalhadores e trabalhadoras querem. Além disso, aponta Sinvaldo, o calendário de negociação na Ford é autoritário e não prevê reversão da situação.

“A Ford impôs um calendário de negociação que só favorece à ela e a gente discorda duplamente. Uma porque é um processo diário e não dá para participar de reunião todos os dias porque temos outras frentes e precisamos envolver mais um monte de pessoas nesta luta. E segundo, é que a Ford só fala em indenização e não é isso que a gente quer. A gente não aceita outra coisa a não ser os empregos e o trabalho de volta. Amanhã estaremos nas ruas e vamos pressionar para que isso aconteça”, finalizou Sinvaldo.

Fonte: CUT

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