Os trabalhadores (as) da Conservadora Campos que fazem a limpeza de várias unidades da Cemig continuam penando. Além da sobrecarga de trabalho, muitos estão reclamando da falta de vale transporte e inclusive da falta de pagamento. O limite legal para a empresa ter feito o pagamento foi ontem (10), mas diversos trabalhadores ainda não receberam seus salários.
Para ganhar a licitação, a empreiteira Campos baixou o preço do contrato. E para garantir o lucro, está passando o facão nas equipes, reduzindo salários e benefícios e impondo a sobrecarga de trabalho.
No Anel Rodoviário a limpeza que era feita por 35 trabalhadores agora é realizada por apenas 15. No Quarteirão 14, na Cidade Industrial, havia 33 trabalhadores e agora são 14. No Quarteirão 10, o serviço de 15 agora é feito por cinco. Além disso, em vários locais os trabalhadores (as) denunciam falta de ferramentas e material de limpeza.
Nestes locais, os cortes foram realizados sobre equipes já enxutas, uma vez que a Serta, quando assumiu o contrato no lugar da Terceiriza, há cerca de dois anos, já havia dispensado quase 70 empregados. Agora, a Campos substitui a Serta e aumenta o arrocho sobre as pessoas.
O diretor do Sindieletro, Ronei Cardoso, alerta que, além da sobrecarga das equipes, há o problema dos trabalhadores que foram demitidos. “Sofrem os trabalhadores dispensados, os que ficam estão sendo explorados, e os eletricitários, já que agora a limpeza é feita com intervalos bem maiores.”
Cipa foi acionada
No São Gabriel, a sobrecarga dos trabalhadores da Conservadora Campos está sendo levada para a reunião da Cipa a pedido dos eletricitários do quadro próprio que já testemunharam o adoecimento dos companheiros terceirizados e temem que a situação se agrave.
Na época da Equipe, empresa que prestava serviço antes da Campos no São Gabriel, eram cinco trabalhadores e já havia reivindicação para mais uma contratação. A Campos entrou e fechou um posto de trabalho.
Questionada, a empreiteira alega que, pelo novo contrato, o número de trabalhadores depende da metragem dos imóveis a serem limpos. Para os eletricitários essa afirmação é descabida, tendo em vista que agora são apenas duas trabalhadoras para a limpeza, uma encarregada e um trabalhador para varrição e jardinagem da unidade da Cemig que é enorme e possui vários pátios e prédios.
O uso de um equipamento novo na varrição (soprador) também é pretexto para a equipe menor. “A limpeza aqui é a mesma e sobrecarregou demais os trabalhadores. Levamos a discussão para a Cipa, pois certamente gerará adoecimento profissional,” denuncia um eletricitário.
De mal a pior: O saco de maldades da Conservadora Campos não tem fim
Agora, a denúncia é de que a empreiteira não está fazendo o pagamento completo do vale transporte e há casos em que o trabalhador tem que retirar dinheiro do próprio bolso para pagar a passagem de ida e volta do trabalho.
A Cemig tem convivido com essa realidade perversa como se fosse normal. O Sindieletro continua exigindo providências e denuncia que a situação na Conservadora Campos não é fato isolado.
Há anos o Sindicato aponta os impactos da terceirização sobre a qualidade dos serviços e as condições de trabalho nas unidades da Cemig.
Desde 2016, o Sindieletro cobra melhorias no atendimento e nas condições de trabalho na agência João Pinheiro, em Uberlândia, onde atendentes sofrem forte pressão por produtividade e assédio moral.
Os trabalhadores com mais tempo de serviço e com salários maiores relataram que foram “convidados” a pedir demissão com a promessa de serem recontratados, porém, com salários menores.
Por lá, o uso do uniforme é obrigatório, e os atendentes disseram que são proibidos de chegar à agência com outra roupa para trocar no vestiário. A ameaça feita sem motivo é ainda mais descabida se considerarmos que há muito tempo, a empresa Publikimagem, que presta o serviço de atendimento em Uberlândia, não repõe o uniforme e a qualidade das vestimentas é péssima.
A Publikimagem negou as denúncias, mas nossa equipe de reportagem testemunhou as péssimas condições de trabalho.
Todos esses fatos só confirmam o descaso da Cemig com os consumidores e a conivência da estatal com a lógica perversa das empreiteiras de explorar ao máximo os trabalhadores (as).