A Cemig Telecom, subsidiária integral da Cemig que atua na área de telecomunicações em Minas Gerais e em outros estados, foi privatizada nesta quarta-feira, 8, em leilão realizado em Belo Horizonte. Recursos contra a preocupante venda da empresa que atende cerca de 100 cidades em sete estados poderão ser apresentados até 16 de agosto.
Os ativos da Cemig Telecom haviam sido incorporados pela Cemig Holding e incluem toda a estrutura física da subsidiária e cerca de 6,3 mil quilômetros de cabos ópticos em redes metropolitanas (dentro das cidades) e 11,6 mil quilômetros de cabos ópticos de longa distância.
Eles foram arrematados pelo valor de R$ 648 milhões, divididos em dois lotes. Um deles foi adquiridos pela American Tower, empresa com sede em Boston (EUA), e outro pela Algar Telecom, de capital nacional.
Para o Sindieletro, é equivocada a decisão da gestão da Cemig de entregar esse patrimônio para o controle privado, com participação estrangeira em um dos lotes.
A Cemig Telecom é considerada pelo mercado como a melhor rede de telecomunicações disponível atualmente no Estado, fruto de investimentos da ordem de R$ 40 milhões em 2015.
Uma empresa como a Cemig Telecom, que desde 2015 registrava lucro e capacidade de ser autossustentável, poderia ser utilizada pelo Governo do Estado como ferramenta para alavancar o desenvolvimento econômico e social em Minas.
Como estatal, a empresa poderia fornecer internet de qualidade e a preços acessíveis para a população, promovendo inclusão digital, e atender milhares de escolas públicas municipais, órgãos públicos e autarquias em todo o Estado.
Histórico
A polêmica em torno da venda da Cemig Telecom se arrastava há algum tempo. A empresa estava entre os ativos que a Cemig pretendia se desfazer para atender ao plano de desinvestimento anunciado recentemente. No entanto, a transferência não era consenso na Companhia.
No final do ano passado, por exemplo, Aloísio Vasconcelos renunciou à presidência da subsidiária por não concordar com a privatização. À época, o executivo argumentou que a venda não se justificava, pois a empresa estava se expandido e apresentava lucro.
No mesmo período, de acordo com texto publicado na coluna “A.Parte” do Jornal O Tempo, Aloísio Vasconcelos teria dito, ainda, que considerava inaceitável a ideia de demitir sumariamente mais de 300 colaboradores e vender uma “empresa rentável e autossustentável de maneira tão incoerente”.
Luta pelo emprego
Durante o processo que antecedeu a privatização da subsidiária, o Sindieletro recebeu denúncias de trabalhadores e trabalhadoras que temiam pela perda do emprego. Em novembro do ano passado, com apoio do Sindieletro e do Sinttel, foram realizados diversos atos contra as demissões. Como resultado da luta, os trabalhadores e trabalhadoras foram incorporados pela Cemig e tiveram garantido o direito ao emprego.