Cemig pode sair de Belo Monte



 Cemig pode sair de Belo Monte

Com uma dívida líquida de R$ 11,7 bilhões e queda de 20,6% no lucro líquido no ano passado ante 2014, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) está mudando suas estratégias de atuação no mercado de energia. A estatal deve deixar de ser acionista de empreendimentos nos quais não é controladora. As usinas de Belo Monte, no Pará, e de Santo Antônio, em Rondônia, são alguns dos negócios em que a empresa não controla a operação e poderá vender suas ações.

O diretor financeiro e de relacionamento com o investidor da Cemig, Fabiano Maia Pereira, não informou quais ativos poderiam ser comercializados. “O planejamento estratégico ainda não foi aprovado pelo Conselho de Administração”, justificou. Apesar de não falar quais ativos, Pereira confirmou, durante coletiva de imprensa nesta quarta, na sede da Cemig, em Belo Horizonte, que estão previstos desinvestimentos. A medida faz parte da estratégia da Cemig de manter o foco no seu negócio principal, de geração, transmissão e distribuição de energia.

O executivo ressaltou que o portfólio da companhia está sendo revisado. “A Cemig, neste momento, está focando na proteção dos ativos já existentes e buscando consolidar sua posição”, frisou. O que indica que a aquisição de ativos dificilmente deve acontecer neste ano.

O diretor de relações institucionais e comunicação, Luís Fernando Paroli Santos, não descartou totalmente a aquisição de ativos, desde que representem oportunidades para a companhia. “A empresa pode estudar ativos”, disse.

Endividamento. Pereira disse que quase todas as dívidas da companhia com vencimento no primeiro semestre deste ano foram roladas até 2020. “O que permite dar tranquilidade para o nosso trabalho”. Boa parte da dívida é da Cemig Distribuição.

O objetivo, conforme o diretor financeiro, é substituir uma dívida por outra mais barata, quando o mercado der sinais de melhora.

A dívida líquida total da Cemig, com prazo médio de vencimento de 2,8 anos, é de R$ 11,7 bilhões, sendo que R$ 6,3 bilhões tem como prazo para pagamento este ano. Grande parte da dívida vem, justamente, de empréstimos para a compra de ativos (investimentos).

E com custos acima do ano passado, segundo Perereira, a estatal vai continuar com o Programa de Demissão Voluntária (PDV). “Queremos otimizar processos e reduzir custos”, frisou. No que se refere aos investimentos, no ano passado, o total chegou a R$ 1,716 bilhão. Para 2016, estão planejados R$ 3,587 bilhões. Parte do aporte previsto para este ano se refere à aquisição de concessões antigas de 18 usinas, num total de R$ 2,2 bilhões, sendo 65% desse valor pago neste ano.

O impasse sobre a usina de Jaguara, cuja concessão venceu em agosto de 2013, continua no Supremo Tribunal Federal (STF). A audiência de conciliação entre a estatal mineira e a União ainda não aconteceu. A decisão sobre a usina deve valer para as usinas com concessão vencida de Miranda e São Simão.
Lucro líquido foi de R$ 2,5 bi

A Cemig teve no ano passado lucro líquido de R$ 2,5 bilhões, resultado considerado robusto pelo diretor financeiro e de relacionamento com o investidor, Fabiano Maia Pereira, embora 20,6% menor que o verificado em 2014. “O lucro certamente é um dos maiores do setor elétrico brasileiro”, frisou.

A queda no lucro foi fruto da provisão da opção de venda das ações da Parati, além do déficit de geração hídrica.

Revisão tarifária será em maio

A conta de energia pode ficar mais barata para os consumidores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), conforme o diretor financeiro e de relacionamento com o investidor da empresa, Fabiano Maia Pereira, que não estimou percentuais.

Ele frisou que ainda não há definições sobre o resultado final na conta, que depende de conversas com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e que devem ser iniciadas em abril. “A partir daí vamos ver as premissas para o reajuste”, observou.

O diretor frisou que não há ainda a análise final, com o valor que deve ser adotado. “O que a gente entende é que deve ser reduzida a conta para o consumidor final, tendo em vista as chuvas que foram um pouco superiores à estimativa inicial no ano passado”, analisou.

Ele explicou que com a renovação do contrato de concessões da Cemig com a União, a data do reajuste ou revisão para a estatal mineira mudou de 8 de abril para 28 de maio.

Segundo Pereira, com a definição do valor com a Aneel, a perspectiva é que a partir de junho o consumidor perceba os impactos na conta de energia.

Em abril, conforme a Aneel, entra em vigor na conta de luz a bandeira verde, isto é, não haverá acréscimo na fatura.

Jornal O Tempo

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