A elétrica mineira Cemig planeja vender uma fatia maior que a prevista inicialmente em sua subsidiária Light, que pretende acelerar o processo para assim reduzir sua dívida, disse uma pessoa com conhecimento direto dos planos nesta quinta-feira.
Segundo a fonte, a Cemig planeja vender cerca de 36 por cento da Light no mercado, por meio de leilão, ao invés dos cerca de 27 por cento considerados inicialmente. Atualmente a Cemig tem uma participação direta de 26 por cento na Light, com outros 26 por cento em participação indireta, por meio de um veículo de investimentos.
Se a Cemig mantiver 16 por cento da Light e vender as ações a 25 reais cada, o acordo pode levantar cerca de 4,4 bilhões de reais (1,4 bilhão de dólares), disse a fonte. Cerca de 70 por cento dos recursos seriam usados para reduzir a dívida de 13,7 bilhões de reais da Cemig, e a Light ficaria com o restante, disse a fonte, que não deu maiores detalhes sobre a estrutura da venda.
A Cemig, que é a terceira maior concessionária de energia do Brasil e é controlada pelo Estado de Minas Gerais, está deixando alguns segmentos de negócios e tentando focar em operações centrais como geração de energia, energia renovável e transmissão. A dívida da elétrica triplicou desde 2012, após o governo federal renegociar contratos de concessão da companhia e de outras empresas do setor. Desde então, a Cemig ainda se envolveu em uma série de aquisições que não entregaram os retornos esperados.
A Reuters publicou em 16 de março que a Cemig avalia vender parte de sua fatia na Light. A companhia também considera a venda de fatias majoritárias nas suas subsidiárias de geração e transmissão, Cemig GT, e distribuição, Cemig-D. As medidas envolveriam a busca por parceiros e a listagem das empresas nas bolsas de São Paulo e Nova York neste ano. Segundo a fonte, a presidente da Light, Ana Marta Horta Veloso, quer que a Cemig acelere a venda da fatia na empresa, o que pode ocorrer dentro de semanas. A Cemig contratou bancos de investimento do Itaú Unibanco e Banco do Brasil para trabalhar em cima do plano, disse a fonte.
A assessoria de imprensa da Light, sediada no Rio de Janeiro, direcionou as perguntas à Cemig, que não respondeu imediatamente às solicitações para comentários. Itáu e o Banco do Brasil não comentaram imediatamente. A venda de parte da fatia da Cemig na Light colocaria um fim ao atual acordo de acionistas controladores da elétrica, disse a fonte, que falou sob anonimato porque os planos são privados. A medida criaria uma companhia com controle mais disperso e melhoraria a governança corporativa, oferecendo um prêmio sobre o atual preço das ações da Cemig, disse a fonte, acrescentando que o valor de 25 reais não é necessariamente uma indicação de como a Light será precificada na oferta. O bloco controlador da Light inclui a Cemig, o conglomerado de engenharia Andrade Gutierrez e os veículos de investimento Luce Participações e RME Rio Minas Eenergia.
HIDRELÉTRICAS
O Estado de Minas Gerais e a Cemig também planejam pedir ao governo federal para renovar os contratos de concessão de hidrelétricas da companhia que venceram nos últimos anos em troca de uma redução na dívida da União junto ao Estado mineiro pelo não pagamento de isenções fiscais de exportação, disse a fonte. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse na terça-feira que o governo federal não busca um acordo com a Cemig e que o objetivo da pasta é retomar as concessões das usinas da empresa para relicitá-las.
O objetivo do governo é arrecadar recursos para o Tesouro com a cobrança de bônus de outorga por essas usinas. Autoridades do Estado de Minas Gerais não estavam imediatamente disponíveis para comentários.
Reuters