A Cemig está na lista das empresas que mais devolveram dinheiro ao cliente por interrupção no fornecimento de energia no ano passado, segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgado nessa terça, 20. Foram R$ 24,2 milhões, o que fez com que a estatal mineira ocupasse a quarta posição. Em 2012, a empresa também ficou na mesma colocação, porém com um valor ressarcido ainda maior: R$ 34,8 milhões. Em 2013, os consumidores de energia elétrica de todo o país receberam R$ 346 milhões em compensação por interrupções no fornecimento de energia, o valor é menor que o do ano anterior, quando somou R$ 437,8 milhões. O total de 2012 foi superior ao verificado em 2011, quando os consumidores receberam R$ 397,2 milhões.
Mesmo com as devoluções, a empresa vem conseguindo crescimento dos resultados financeiros. No primeiro trimestre deste ano, a companhia aumentou a receita o suficiente para conseguir lucrar 44% a mais em relação ao ano anterior, alcançando a cifra de R$ 1,25 bilhão.
Para a advogada da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) Tatiana Viola Queiroz, os números da Aneel não condizem com a realidade vivenciada pelo consumidor. “Nós pedimos a revisão dos indicadores de qualidade que, aliás, são de difícil compreensão. Eles são muito técnicos”, diz.
Além disso, ela afirma que os valores do ressarcimento são irrisórios. “A interrupção de energia pode prejudicar o consumidor de várias formas. Ele pode deixar de realizar um trabalho, pode perder alimentos e pode até mesmo ter um equipamento queimado. E o valor que é devolvido não é suficiente para resolver boa parte desses problemas”, disse.
Para ela, a suspensão do fornecimento ocorre em razão da falta de investimentos das empresas do setor. Procurada pela reportagem, a Cemig informou em nota que, em relação a 2012, houve uma redução significativa nos valores compensados e no número de compensações feitas pela empresa em 2013. “O resultado alcançado é o melhor dos últimos cinco anos e reflete os investimentos realizados pela Cemig, que, nesse período, totalizaram R$ 3,06 bilhões, aplicados na melhoria e manutenção das redes, linhas e subestações de distribuição em todo o Estado”, diz.
No escuro. Os brasileiros ficaram, em média, 18,27 horas sem luz em 2013, de acordo com a Aneel. O número ultrapassou o limite estipulado pela agência para o ano, que foi de 15,18 horas.
Light é a segunda pior do país
A Light, que é controlada pela Cemig, foi a segunda empresa que mais compensou seus consumidores por interrupções no fornecimento de energia elétrica em 2013, num total de R$ 45,5 milhões. A companhia que atua no Rio de Janeiro só perdeu para a Celg (GO), que somou R$ 55,7 milhões. Em 2012, a Light ficou em terceiro lugar, com devoluções de R$ 46,5 milhões aos consumidores.
Procurada pela reportagem, a empresa enviou uma nota explicando os resultados que, conforme a empresa, foram fortemente influenciados pela grande quantidade de ligações clandestinas, os “gatos”, principalmente nas áreas de risco, onde os técnicos da empresa não têm livre acesso.
“No restante da área de concessão e nas comunidades pacificadas, onde as ligações à rede elétrica foram regularizadas, os indicadores são melhores e estão dentro dos padrões estabelecidos pela agência reguladora”, diz.
Segundo a empresa, no primeiro trimestre deste ano, a Light registrou uma redução do DEC (indicador que mede o tempo médio de interrupção) de 44%, em relação ao mesmo período de 2013. O pagamento de multas por violação do indicador também foi reduzido, em 44,2% frente igual período de 2013. Já o FEC (indicador que mede a frequência média de interrupção) caiu 29,1% neste tipo de comparação.