Cemig e consumidores perdem com redução de técnicos



Cemig e consumidores perdem com redução de técnicos

Gestores da Cemig tomaram uma decisão, ao apagar das luzes de 2014, de esvaziar a área de projetos e orçamentos da empresa. O número de técnicos para fazer o trabalho de levantamento de campo em todo o Estado foi reduzido para apenas 25. Antes, cerca de 150 trabalhadores do quadro próprio eram responsáveis pelos projetos e orçamentos da Cemig.

Para os técnicos da empresa, a lista dos prejuízos para os trabalhadores e consumidores é grande. A Cemig estará abrindo mão do conhecimento e experiência da equipe de técnicos e transferindo o know-how adquirido ao longo de décadas para a terceirização.
De acordo com os trabalhadores, os projetos e orçamentos feitos pela empreiteira contratada oneram os consumidores e a própria Cemig, uma vez que a filosofia de otimização de recursos utilizados para as soluções de projetos está em conflito com os critérios que definem o cálculo da remuneração das empreiteiras que fazem projeto e obras.

Um projeto de baixa qualidade significa uma obra inadequada, insegura e dispendiosa, mas também favorece a empreiteira, pois gera uma quantidade maior de US’s (Unidade de Serviços), que é o que define o valor da remuneração das empreiteiras de projeto e obras. Prova disso foi a glosa (desaprovação) que a Cemig teve no seu ultimo ciclo tarifário da ANEEL, de mais de 700 milhões, devido a investimentos não prudentes.

Medida foi tomada no apagar das luzes

Os trabalhadores relatam que foram comunicados pelo gerente, que não justificou a medida e nem informou o destino dos técnicos que não foram escolhidos. Em reunião no Sindieletro, os trabalhadores relataram que não houve sequer critério para escolha dos poucos escolhidos para continuarem na função. “Há técnicos com mais de 20 anos de experiência no setor que não foram escolhidos”, reclamaram. Além disso, alguns dos técnicos escolhidos pela gerencia também não atendiam os critérios básicos para ocupação da função, estabelecidos no PCR. Neste caso, está acontecendo um “acochambramento” pelo próprio RH.

Segundo os técnicos, além deles, a própria Cemig é prejudicada. Os trabalhadores informaram que estão à disposição, mas que receberam poucos projetos. “Trabalhamos apenas o relativo a três dias de serviço em janeiro”. O restante do serviço esta sendo repassado para a empreiteira.
Empreiteira erra muito, mas não tem prejuízo.

Além disso, as análises de cargas feitas pela empreiteira nas redes da Cemig apresentam, muitas vezes, equívocos, gerando uma série de problemas que afetam a qualidade dos serviços e prejudicam a rotina dos trabalhadores da Cemig. No dia a dia, os técnicos Cemig acabam sendo obrigados a realizar grande quantidade de retrabalho, devido a falhas da empreiteira, que não se preocupa em manter um corpo técnico treinado e qualificado, no intuito de abaixar ainda mais seus custos operacionais.

Para a empreiteira tanto fez, tanto faz, visto que receberá pelas US’s (Unidades de Serviço), independente se houver retrabalho, que segundo os técnicos, é constante. A contratada ganha para tudo, como análise de carga, orçamento estimado, levantamento de campo, elaboração de projetos, atualização de cadastro, entre outros serviços. A fiscalização sobre os serviços das empreiteiras é praticamente inexistente, gerando impunidade para os seus erros e prejuízos para empresa e consumidores.
Por sua vez, a empreiteira tem conseguido se desvencilhar das multas contratuais, alegando seguidamente que a quantidade de US’s tem superado o limite mensal do contrato, e que estaria além da sua capacidade.

Mais um passivo trabalhista para a Cemig

Outro problema criado pela gerência é a criação de mais um passivo trabalhista para a Cemig, já que o pessoal do quadro próprio, que faz o serviço de campo, esta sendo cadastrado na área de risco, enquanto o pessoal da empreiteira, que também faz o mesmo serviço, não recebe o beneficio(periculosidade).

Mudanças geram mais insegurança e aumentam os custos

Um dos critérios para que os técnicos fossem escolhidos para levantamento de campo é que deveriam ser centralizados nas sedes regionais. Com isso, os técnicos centralizados deverão se deslocar para atender cidades dirigindo veículos da empresa em distâncias superiores a 300 km, em locais onde os técnicos que não foram escolhidos já executam essas tarefas há mais de 20 anos. É o caso das regionais do interior. Nessas localidades, os serviços poderiam continuar a ser executados pelos técnicos descentralizados, ganhando em mais rapidez, menos quilometragem, menos exposição ao risco, mais conhecimento das regiões e mais saúde e segurança, assim como já é feito pelo setor de obras, onde o serviço foi descentralizado para ser realizado com mais eficiência, segurança, economia e rapidez.

Diálogo

O Sindieletro reivindica que a terceirização da área seja paralisada imediatamente, e que o serviço retorne ao que era em novembro do ano passado. O setor é atividade fim da empresa e executa tarefa estratégica para a empresa e para os consumidores, e os resultados da Cemig Distribuição dependem da qualidade dos projetos. O Sindieletro cobra o compromisso de diálogo e de redução da terceirização que foram compromissos do Governador Pimentel e do Presidente Mauro Borges.

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