O governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), tem intenção de reduzir o valor que a Cemig paga na forma de distribuição de lucro a seus acionistas. Segundo petistas do núcleo do futuro governo, a avaliação é que a fatia do lucro que tem ido para as contas dos acionistas é alta demais quando se considera que a empresa tem de equacionar problemas na qualidade do serviço prestado e ampliar os investimentos no sistema elétrico do Estado. Essa avaliação tem o respaldo dos sindicatos dos trabalhadores da empresa.
A revisão do volume de dividendos pagos é uma discussão que passa pelo Palácio Tiradentes, sede do governo de Minas, mas que também deve envolver o maior acionista privado da Cemig, a Andrade Gutierrez, dona de 32,96% do capital social. O Valor procurou a construtora na sexta-feira, mas ela não pretende falar do assunto neste momento.
O governo de Minas é o controlador da elétrica, que tem ações negociadas nas bolsas de São Paulo, Nova York e Madri. O Estado fica com 22% dos dividendos, segundo a Secretaria da Fazenda.
Pimentel, de acordo com um interlocutor muito próximo, aplaudiu a avaliação feita pela empresa de classificação de risco Moody's sobre a Cemig na semana passada. A Moody's rebaixou a nota de crédito em escala global da Cemig Geração e Transmissão de Baa3 para Ba1, o que levou a empresa a perder o grau de investimento. O rating nacional também caiu. A decisão, segundo a Moody's, é resultado da deterioração das métricas de crédito da Cemig, em função, sobretudo, de um esperado aumento no nível dos dividendos que serão distribuídos no fim do ano.
A Cemig anunciou que pagará este ano R$ 1,7 bilhão, somente como dividendos extraordinários. O montante total será definido no início do ano que vem. O estatuto da Cemig prevê que o pagamento dos dividendos seja de no mínimo 50% do lucro líquido apurado. Mas, em 2013, a distribuição de dividendo atingiu 90,7% do lucro (R$ 3,104 bilhões); em 2012, 68%; em 2011, 84%; e em 2010, 52%.
Mesmo sendo uma estatal, a Cemig tem uma política de distribuição de dividendos considerada agressiva, mas não irresponsável, segundo um analista que acompanha a companhia. Este ano, no entanto, o alto valor já distribuído chamou a atenção do mercado e foi considerado por alguns analistas como uma forma de os acionistas recolherem o máximo que puderem diante da incerteza em relação às medidas que Pimentel poderá tomar a partir de 2015, após assumir o cargo