O cartão corporativo é utilizado para que os eletricitários possam custear despesas em atividades externas, viagens a trabalho e durante a realização de horas extras.
No Anel Rodoviário, os eletricitários foram informados por uma lista que uma série de cartões foi cancelada por serem pouco utilizados. Um supervisor diz não saber o critério adotado pela empresa para definir pouca utilização. A orientação é que o trabalhador pague do próprio bolso os custos extras e, posteriormente, reivindique o ressarcimento.
Um trabalhador do AR relatou que recebeu a notícia do cancelamento em janeiro e, desde então, tem que ficar pedindo o reembolso. “Perguntamos e disseram que é contenção de despesas. Você faz uso do seu dinheiro e preenche uma folha para pedir a restituição no sistema”, explica o trabalhador, que recebeu o reembolso quinze dias após o pedido.
Além de ter que implorar pela devolução, o constrangimento também passa pela obrigação do eletricitário em custear, mesmo que provisoriamente, algo que é obrigação da empresa. “E o dia que eu não tiver dinheiro? O que eu vou fazer? Fico com fome?”, questiona o trabalhador.
Na Itambé, trabalhadores da rede de distribuição subterrânea também ficaram sem o cartão, que usavam para pagar táxis e almoços. Não é um caso isolado: a maioria dos técnicos foi afetada sem receber nenhuma explicação oficial. Para o Sindieletro, é inadmissível que o trabalhador tenha que separar parte de sua renda para pagar pelas obrigações da empresa.
A decisão da Cemig compromete o planejamento financeiro dos trabalhadores. Também é um fator dificultante para equipes pequenas, ou que viajam com transporte de cargas especiais. Além disso, a espera pelo ressarcimento obriga os eletricitários a assumir a penosa postura de credores.
O Sindieletro questiona: quais são os critérios para esta decisão? Como é feita a equação que define quem usa pouco ou muito? Existe adiantamento para custear despesas de viagens e alimentação para todos os empregados? E os gerentes, superintendentes e diretores da Cemig? Também tiveram os cartões suspensos? Em viagens internacionais, arcam com as despesas do próprio bolso?
O Sindieletro cobra da direção da empresa que reveja, urgentemente, os critérios para garantir o custeio de despesas com viagens e alimentação. É inadmissível que o trabalhador tenha que tirar dinheiro do próprio bolso para conter despesas de uma empresa lucrativa como a Cemig.