Sem dinheiro até para papel higiênico, Cemig aumenta salário da diretoria
Enquanto corta na carne dos trabalhadores, reduz gastos com itens básicos e adia a realização de concurso público, Cemig aumenta contratações por indicação e concede reajustes de 36,65% para o presidente, 24% para conselheiros e de 22,54% para diretores.
A Assembleia Geral dos Acionistas realizada no último dia 29 de abril aprovou um aumento escandaloso nos honorários da direção da Cemig. A ata da reunião mostra que a remuneração do presidente da Companhia, Mauro Borges, passou de R$ 44.270 para absurdos R$ 60.500. O valor pago aos diretores também foi reajustado de R$ 37.946 para R$ 46.500.
As benesses também chegaram ao Conselho de Administração da estatal, onde o presidente do Conselho passará a receber a “bagatela” de R$ 18.150, os conselheiros titulares R$ 14.331,82 e os suplentes R$ 11.465,46. No Conselho Fiscal, a remuneração de titulares e suplentes passa a ser de R$ 9.554,54 e R$ 7.643,63, respectivamente.
O coordenador Geral do Sindieletro, Jefferson Silva, não poupou críticas ao aumento inoportuno e absurdo. “Temos pautas importantes paradas na mesa do diretor de Gestão Empresarial, Márcio Serrano, como a Primarização e Concurso Público, Saúde e Segurança, PCR e a resposta que recebemos é a de um PDVP e desse aumento indecente para alta chefia!”, criticou.
Para o Sindieletro, está evidente que a má vontade da companhia tem alvo: os trabalhadores. Exemplo disso é que recentemente a Cemig transformou em “questão de honra” o corte do seguro de vida dos eletricitários na aposentadoria e se negou a antecipar o pagamento da PLR do dia 20 para o dia 5 deste mês, sem dar qualquer justificativa.
PLR da diretoria
A ata da Assembleia de Acionistas também delibera sobre outro assunto: as metas da alta direção da empresa continuam sendo estabelecidas pelo Comitê de Recursos Humanos do próprio Conselho de Administração. Na prática, isso significa que a PLR dos trabalhadores é negociada entre a categoria e a empresa, mas as metas e a forma de pagamento para o presidente e diretores são propostas e aprovadas sem o conhecimento da categoria.
Não tem crise para cargos de “confiança”?
E os absurdos não param por aí. De acordo com relatório da Superintendência de Recursos Humanos da estatal publicado na página da Cemig, o número de contratados pelo Quadro de Recrutamento Amplo (Ad-Nutum) cresceu 71% se comparados o primeiro trimestre do ano passado com o deste ano, saltando de 14 para 24.
Entretanto, o que espanta mesmo é a evolução do gasto com os Ad-Nutum. No primeiro trimestre de 2015 a Cemig desembolsou R$ 697.271,97 para 14 cargos. No mesmo período deste ano, o gasto subiu para
R$ 2.162.680,11 para os 24 cargos atuais, o que representa um aumento de 210%.
A implantação desses privilégios vem da mesma direção que não cumpre pontos essenciais do Acordo Coletivo como a primarização e a criação de novo PCR e que decepcionou na convocação dos classificados na seleção interna.
Para o Sindieletro é descabida a decisão de aumentar privilégios para altos cargos no momento em que a Cemig corta investimentos em manutenção e o país atravessa grave crise política que afeta toda a sociedade. A direção da Cemig parece estar fora da realidade vivida em Minas e no Brasil.
Nota: O Sindieletro informa que no mesmo dia que foram divulgadas as deliberações da Assembleia dos Acionistas, o diretor do Sindicato e membro do Conselho de Administração, Arcângelo Queiroz, protocolou seu pedido de renúncia ao reajuste de 13% acima da inflação.